Em seu segundo ano de funcionamento, a FAPESP registrou vários avanços. Suas equipes já haviam se instalado na nova sede, na Av. Paulista 352, 14 andar, que se mostrou um “ambiente muito mais adequado do que aquele de dispunha em 1962, por ocasião do início de seus trabalhos”, descreveu o diretor presidente do CTA, Jayme Cavalcanti, no Relatório Anual de 1963, datado de 20 de fevereiro de 1964.
Iniciado no ano anterior, o cadastro de pesquisadores já havia registrado 80% dos pesquisadores do Estado de São Paulo.
Em 1963, a Fundação recebeu 856 pedidos de financiamento (504 auxílios a pesquisa e 352 bolsas), mais do que os 507 do ano anterior, e aprovou 361 projetos de pesquisa e 200 bolsas, com destaque para Tecnologias Industriais (21,03%), Exatas (14,24%), Biologia (13,98%), Ciências Médicas (12,76%) e Agronomia (12,15%).
Dois ou, quando necessário, três assessores começaram a participar da avaliação dos preidos de financiamento. “Além disto”, observa o relatório, “o senhor diretor científico entrevistou pessoalmente quase todos os solicitantes”.
Pela primeira vez, a FAPESP apoio a pesquisa diretamente na indústria, por meio de três projetos:
. Aplicação da energia ultra-sônica na limpeza de fibras vegetais, realizado pelo Laboratório de Acústica e Sônica;
. Pesquisa e Desenvolvimento de uma linha completamente transistorizada de amplificador de impulsos, avalizador de impulsos de de um canal, contador de impulsos, fonte estabilizadora de alta tensão, pré-amplificadores, rate-mater, estabilizador eletrônico, efetivado pela Brasele Indústria Brasileira Eletrônica; e
. Desenvolvimento de uma técnica de cravação e extração de elementos em solos através de aplicação de vibrações, sob a responsabilidade da Rodzo Engenharia.
Outra iniciativa foi a formação de grupo de pesquisa para trabalhar em conjunto com a planta Stevia rebaudiana. Uma equipe do Instituto de Botânica tinha a tarefa de trazê-la de seu hábitat natural, uma do Butantan cuidaria dos estudos químicos, outra do Agronômico cuidou das formas de cultivo, a da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto estudou as propriedades dietéticas, a da Faculdade de Medicina da USP suas propriedades terapêuticas, a da Esalq-USP as mutagênicas e a Faculdade de Farmácia e Bioquímica da USP as farmacológicas.
Um dos resultados foi a coleta de 172 em uma expedição a Mato Grosso e ao Paraguai, das quais 120 brotaram no Instituto de Botânica. No Butantan, uma equipe coordenada por Raymond Zelnick isolou pela primeira vez a substância responsável pelo sabor doce (edulcorante) da Stevia.
O relatório de 1964 acrescentou outros resultados desse trabalho: a equipe de Ribeirão Preto havia verificado que o esteviosídeo extraído no Butantan era bastante atóxica e não produzia efeitos indesejados em embriões de coelhos e ratos, e a do Agronômico plantaram sementes para fazer a seleção genética.
Em 1963 a Fundação também elegeu uma pesquisa de impacto econômo e valor imediato, com possibilidade de atingir a economia paulista: o trabalho selecionado foi o de Luiz Coelho Corrêa da Silva e sua equipe do Instituto de Pesquisas Tecnológicas sobre modos novos e simples de produzir aço e aço inoxidável. O relato previa a divulgação dessas tecnologias nas fundições paulistas, no ano seguinte.
De fato, foi o que aconteceu. O relatório de 1964 incluía um relato de Silva, segundo o qual ele e sua equipe haviam iniciado as demonstrações em outubro daquele ano no próprio IPT e cidades do interior, como Campinas, Sorocaba e Leme. Até o final de novembro de 1964, 30 fundições de 15 empresas e cerca de 120 pessoas já haviam conhecido as novas técnicas. Uma empresa de Campinas já havia expressado interesse em aplicar o processo em escala industrial, com apoio do IPT. A receptividade foi “muito boa, acima mesmo da expectativa”, relatou Silva.