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Entendendo o papel da estocasticidade na montagem de metacomunidades sob efeitos de mudanças globais

Resumo

Compreender a organização da biodiversidade na Terra tem intrigado ecólogos e biogeógrafos há séculos. Por muito tempo, apenas parte desses padrões ao redor do globo foi explicada por processos determinísticos relacionados a filtros ambientais relacionados a características funcionais e interações bióticas, enquanto grande parte da variação que desobedeceu a essas regras foi denominada bastante estocástica (ou seja, imprevisível, de causa desconhecida). Melhorar nossa compreensão dessa variação estocástica na composição taxonômica, funcional e trófica da comunidade é crucial para prever como a natureza responderá às mudanças globais e como isso afetará os serviços ecossistêmicos para a sociedade. Nas últimas décadas descobrimos que a estocasticidade emerge dos processos demográficos (nascimento, reprodução, dispersão); eventos biológicos que são inerentemente variáveis no nível individual e, portanto, imprevisíveis no nível da comunidade. Recentemente, no entanto, ecólogos investiram um grande esforço para descrever os fatores e processos que poderiam aumentar ou minar o efeito dos processos demográficos nos padrões de biodiversidade. Por exemplo, o tamanho da população é importante, pois a dinâmica de pequenas populações é relativamente mais impactada por eventos demográficos estocásticos. Além disso, acredita-se que comunidades sob temperaturas mais altas com metabolismo acelerado sejam mais estocásticas, pois os danos se acumulam mais rapidamente (mais reações oxidativas, encurtamento dos telômeros e mutações) em todos os organismos, aumentando as taxas de mortalidade independentemente das identidades das espécies e reduzindo suas diferenças ecológicas. Em ecossistemas lóticos, a estocasticidade deve vir de múltiplas fontes e variar em múltiplas escalas espaciais. Na escala da rede hídrica, prevemos que riachos de pequena ordem e rios maiores devem sustentar populações com diferentes tamanhos e dinâmicas devido às suas diferenças de heterogeneidade e tamanho de habitat, impactando como eventos demográficos, como dispersão individual e recolonização, escalam até padrões de composição da comunidade. Em escala global, as diferenças no clima e na sazonalidade devem gerar variações no metabolismo individual e nos ciclos de vida de populações com estocasticidade aumentada em ambientes mais quentes e imprevisíveis. Essa variação multiescalar na preponderância de processos estocásticos deve impactar o funcionamento dos ecossistemas por meio de mudanças nas interações tróficas mediadas por características das espécies e tamanho corporal dos organismos. Para testar essas previsões, realizaremos um novo estudo in-situ, espaço-temporal e coordenado, envolvendo ecossistemas de riachos tropicais e temperados. Nosso objetivo é quantificar e entender a importância relativa de diferentes fontes de estocasticidade durante a montagem da comunidade e como isso impactaria aspectos funcionais das interações tróficas e fluxos energéticos. Vamos generalizar nossos achados parametrizando um modelo de Beverton-Holt com dados empíricos de campo. Ao analisar os resultados do campo e dos modelos, esperamos avançar nossa compreensão dos fatores e processos por trás da estocasticidade durante a montagem de metacomunidades que, em última análise, envolve nossos padrões globais de biodiversidade. (AU)

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Publicações científicas
(Referências obtidas automaticamente do Web of Science e do SciELO, por meio da informação sobre o financiamento pela FAPESP e o número do processo correspondente, incluída na publicação pelos autores)
COLLYER, GIOVANNA; PERKINS, DANIEL M.; PETSCH, DANIELLE K.; SIQUEIRA, TADEU; SAITO, VICTOR. Land-use intensification systematically alters the size structure of aquatic communities in the Neotropics. GLOBAL CHANGE BIOLOGY, v. 29, n. 14, p. 13-pg., . (19/06291-3, 13/50424-1, 22/01452-1)

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