Efeitos do treinamento musical na primeira infância: ensaio clínico randomizado

• Processo: 22/15553-4
• Modalidade de apoio: Auxílio à Pesquisa - Regular
• Área do conhecimento: Ciências da Saúde - Fonoaudiologia
• Pesquisador responsável: Kátia de Freitas Alvarenga
• Beneficiário: Kátia de Freitas Alvarenga
• Instituição Sede: Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB). Universidade de São Paulo (USP). Bauru , SP, Brasil
• Pesquisadores associados: Alexandre Lehmann ; Ana Manhani Cáceres Assenço ; Edgard Morya ; Eliene Silva Araújo ; Lilian Cassia Bornia Jacob ; Natália Barreto Frederigue Lopes ; Paula Martins Said ; Wanderleia Quinhoneiro Blasca
• Assunto(s): Audiologia Eletrofisiologia Potenciais evocados auditivos Desenvolvimento infantil Primeira infância Treinamento auditivo Música Ensaio clínico randomizado
• Palavra(s)-Chave do Pesquisador: desenvolvimento infantil típico | Eletrofisiologia | Escala Bayley de desenvolvimento | maturação cortical | Potencial evocado auditivo | treinamento musical | Audiologia

Resumo

Os efeitos da música no cérebro e, consequentemente, no desenvolvimento de diversas habilidades têm sido descritos, com resultados que destacam a aprendizagem musical, por esta ativar os dois hemisférios cerebrais simultaneamente e estimular o cérebro de forma global. Adicionalmente, as semelhanças na estrutura hierárquica do processo de aprendizagem da música e linguagem, levam a crer na conexão existente entre ambas, em funções cognitivas superiores e subsistemas como memória, atenção e categorização. Estudos realizados com crianças usuárias de implante coclear, evidenciaram que o treinamento musical pode aprimorar a percepção rítmica e de altura, além de auxiliar no desenvolvimento da percepção da prosódia. Contudo, a alta heterogeneidade do resultado final, justificada pela diversidade metodológica dos estudos associado aos diferentes graus de viés, limita a capacidade de generalização dos dados. Assim, faz-se necessário realizar estudos com medidas objetivas e controle de variáveis como a acuidade auditiva e a qualidade da informação que está chegando no córtex auditivo, a fim de isolar o efeito da música no desenvolvimento global da criança. Este rigor metodológico não é possível de ser alcançado em indivíduos com perda auditiva, pois além da interferência do próprio dispositivo eletrônico, há uma variabilidade de fatores inerentes à etiologia e aos fatores ambientais no qual a criança está inserida que implicam em risco de viés. Assim, o objetivo do presente estudo é o de verificar os efeitos do treinamento musical com a Music Learning Theory - aculturação, realizado na primeira infância em crianças normo-ouvintes, com referência aos marcos de desenvolvimento global e a maturação do córtex auditivo. Trata-se de um estudo clínico controlado, longitudinal, randomizado e cego. Estima-se como casuística inicial o total de 60 infantis com idade de seis meses, subdivididos de forma randomizada, do tipo simples, em três grupos: grupo controle negativo (Grupo 1), que terá apenas a exposição social à música, condição comum para todos os grupos. O grupo com intervenção musical controlada (Grupo 2), considerado grupo controle positivo, terá a intervenção musical sem metodologia definida, mas que propiciará a vivência musical. O grupo experimental (Grupo 3), terá como adicional a intervenção musical baseada na MLT, ou seja, de forma estruturada com atividades de aprendizagem sequenciadas. O treinamento musical e a exposição musical controlada serão realizados em formato coletivo e acontecerão uma vez por semana com duração de 50 minutos, no período de cinco meses, totalizando 20 aulas. A avaliação pré e pós-intervenção será realizada por meio da aplicação da Escala de desenvolvimento infantil de Bayley-III, com o intuito de verificar os marcadores do desenvolvimento das habilidades de linguagem, motoras, socioemocionais, cognitivas e de comportamento adaptativo, além dos potenciais evocados auditivos corticais componentes P1, N1, P2, N2. A análise estatística descritiva e inferencial será realizada por meio do Software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 24. A normalidade dos dados será analisada pelo teste de Shapiro-Wilk. Partindo do pressuposto que as variáveis de interesse tenham distribuição normal, para análise comparativa pré e pós-intervenção intragrupo, será utilizado o teste t de Student pareado e a comparação entre grupos será realizada pela Análise de Variância (ANOVA) de medidas repetidas. Caso as variáveis de interesse não tenham distribuição normal, serão aplicados os testes não paramétricos correspondentes. Com o intuito de investigar qual conjunto de variáveis preditoras (variáveis independentes) traz uma melhor explicação para a variável de desfecho (variável dependente) e entender a relação entre uma variável de resultado e uma preditora, controlando pelo efeito de outras variáveis preditoras, será realizada uma análise de regressão múltipla. O nível de significância adotado será de 5%. (AU)