PROTAGONISTAS E INTÉRPRETES DE 1968: Silenciamento, ocultamento e memória

• Processo: 24/15096-8
• Modalidade de apoio: Auxílio à Pesquisa - Publicações científicas - Livros no Brasil
• Data de Início da vigência: 01 de fevereiro de 2025
• Data de Término da vigência: 31 de janeiro de 2026
• Área do conhecimento: Ciências Humanas - Sociologia - Outras Sociologias Específicas
• Pesquisador responsável: Maria Ribeiro Do Valle
• Beneficiário: Maria Ribeiro Do Valle
• Instituição Sede: Faculdade de Ciências e Letras (FCL). Universidade Estadual Paulista (UNESP). Campus de Araraquara. Araraquara , SP, Brasil
• Palavra(s)-Chave do Pesquisador: Comemorações de 1968 | Eventos organizados | Literatura publicada | Protagonistas | 1968 | Sociologia Militar

Resumo

A proposta desta pesquisa é a de, à luz dos acontecimentos de 1968, fazer um levantamento sobre os diferentes relatos que emergem nas comemorações desse ano ímpar. Em estudoanterior intitulado 1968: o diálogo é a violência - movimento estudantil e ditadura militar, reconstruí os principais acontecimentos desencadeados pelo movimento estudantil a partir do registro da grande imprensa, dos estudantes e das autoridades militares. Nosso projeto inicialapresentado para a FAPESP tinha como objetivo analisar a bibliografia dos protagonistas eintérpretes, bem como das "comemorações dos 30 e 40" anos de 68. O parecerista sugeriu quefossem analisados também os eventos dos 50 anos e acatamos sua sugestão.Notamos que a literatura que foi publicada em 2018 sobre 1968 é muito maior do quenas décadas anteriores. 1964 passa a ser também uma efeméride decimal em 2014 quando sãotematizados acontecimentos de 68 e vice-versa. Cinquenta anos depois parecia que começávamos a engatinhar na crítica quase uníssona ao golpe militar. Nesse intervalo de 4 anos, não sóvivenciamos um saudosismo da ditadura militar por parte da extrema-direita e de uma significativa parte da população, insuflada pela mídia como nas décadas anteriores também. Acreditamos que termos dado voz aos protagonistas e intérpretes de 1968 através de entrevistas edesses eventos e publicações pudemos notar que a sua maioria esmagadora estava e continuacontrária a retrocesso avassalador do autoritarismo no Brasil, ao contrário do teor de silenciamento sobre 1968 ou de críticas aos seus acontecimentos. Os principais seminários e os relatosde protagonistas e intérpretes de 2018 apresentam, em sua maioria, uma voz dissonante queprecisa ser ouvida, escrita e contada uma vez que seu principal teor é o de crítica à repressão eao reconhecimento da importância das lutas de protestos contra esse período sombrio que sematerializa a olhos vistos.Em pesquisa recente analisei o retorno midiático de 1968, particularmente pelo levantamento dos artigos publicados pelos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo e pelarevista Veja durante as comemorações dos trinta e dos quarenta anos de 1968. Assim, pudeestabelecer uma comparação entre o relato da grande imprensa no calor da hora com as (novas)versões construídas durante as comemorações sobre 68 nas décadas posteriores. Tecemos assim, a análise das versões sobre 1968 através da análise da literatura publicada e veiculadadurante os eventos organizados para a sua comemoração. À luz da teoria crítica, particularmenteda argumentação de Debord, pudemos perceber que ao contrário do retorno midiático, pautado3pelos princípios da "sociedade do espetáculo", passaram até mesmo ao silenciamento e ocultamento dos 50 anos de 1968. Em contrapartida, os intérpretes acadêmicos e os protagonistas dedos protestos do 68 estiveram na contracorrente, acentuando que lá foi vivido o "fim da utopia"tão almejado por Marcuse. 50 anos de 1968 + 100 anos de Marx vieram à tona eventos sobreas greves de Contagem e Osasco rompendo com o pensamento a uma dimensão e fazendo dasfábricas o lugar da consciência, fala e da crítica da exploração dos operários. Assim, as grevesreceberam um espaço privilegiado em nossa pesquisa devido à sua memória ser trazida à tona.Apagando o silenciamento, desnudando o seu ocultamento. (AU)