Resumo
O Centro de Estudos e Proteção às Abelhas (CEPA) é uma iniciativa interdisciplinar, inovadora e de longo prazo, voltada à conservação e uso sustentável das abelhas no Brasil. Sua criação se justifica pela urgência em enfrentar o declínio global dos polinizadores e a consequente ameaça à segurança alimentar, à biodiversidade e aos serviços ecossistêmicos. O CEPA buscará transformar conhecimento técnico-científico em ações concretas que promovam impacto ambiental, social e econômico, contribuindo com a formulação de políticas públicas para a conservação dos polinizadores e o fortalecimento da meliponicultura. A proposta estrutura-se em três frentes de trabalho interligadas: 1. Educação ambiental para o desenvolvimento de cidades sustentáveis; 2. Mapeamento participativo da biodiversidade e paisagismo funcional; e 3. Caracterização e bioprospecção dos produtos das abelhas. Na primeira frente, o foco está na formação de professores da educação básica e de meliponicultores, na produção de materiais didáticos baseados em evidências e na ampliação da ciência cidadã nas escolas. Serão formados ao menos 300 professores e 1.000 meliponicultores, impactando diretamente 10.000 alunos por meio da adoção de cadernos e sequências didáticas em mais de 50 escolas. Também será instalada a Estação do Conhecimento, uma exposição permanente sobre polinizadores no campus da USP Leste. A segunda frente utilizará a plataforma digital BeeKeep para promover o mapeamento participativo da biodiversidade de abelhas, gerando pelo menos 20.000 registros. Também serão mapeadas espécies vegetais em áreas verdes urbanas, com a proposição de corredores ecológicos e diretrizes de paisagismo funcional e neuropaisagismo. Espera-se que os dados subsidiem a formulação de políticas públicas de conservação da biodiversidade urbana. A terceira frente concentra-se na caracterização físico-química, microbiológica e funcional do mel, pólen e própolis. A proposta prevê análises em pelo menos 10 espécies, testes de autenticidade e rastreabilidade dos produtos com vistas à sua certificação oficial. Também será investigado o potencial biotecnológico da microbiota intracolonial, incentivando inovação tecnológica, geração de patentes e transferência de tecnologia para o setor produtivo. O CEPA contará com uma estrutura institucional robusta, envolvendo universidades, escolas, ONGs, empresas e órgãos governamentais. A equipe multidisciplinar é composta por especialistas das mais diversas áreas do conhecimento, de modo que o centro promoverá integração entre ciência, educação, inovação social e formulação de políticas públicas, consolidando-se como um espaço estratégico de articulação nacional em prol da conservação das abelhas. (AU)
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