Resumo
A citricultura brasileira é responsável por um terço da produção mundial de laranjas, com uma receita superior a US$ 1,5 bilhão por ano para o Brasil, sendo o estado de São Paulo responsável por 80% da produção nacional. Toda esta produção pode ser comprometida por vários problemas fitossanitários incluindo pragas nativas e exóticas que podem, não somente prejudicar a produção nacional como também afetar a competitividade do setor em nível internacional. Em julho de 2004, foi detectada, em mais de 15 municípios paulistas, a bactéria Candidatus Liberobacter spp., causadora da principal doença de citros no mundo, o "greening" ou "huanglongbin". Em novembro de 2004, o número de municípios paulistas saltou para 45. A transmissão do "greening" tem sido associada a duas espécies de psilídeos, sendo uma delas Diaphorina citri Kuwayama, 1908, a que encontra-se associada à cultura de citros com ampla distribuição no Brasil. Além da transmissão da bactéria, este psilídeo causa o enrolamento das folhas e a deformação ou engruvinhamento dos brotos, impedindo o crescimento normal devido à injeção de toxinas durante a sucção de seiva. A eliminação do "honeydew" durante a sua alimentação ainda propicia o desenvolvimento da fumagina, reduzindo a eficiência fotossintética das folhas. Apesar de D. citri ser registrada no Brasil desde 1942, poucos estudos foram realizados por ser considerada praga secundária. Entretanto, com o surgimento do agente causal do "greening" no Brasil, e o seu potencial como agente transmissor dessa doença, teme-se que a citricultura paulista seja dizimada por essa doença, à semelhança do ocorrido em países da Ásia, caso medidas de controle e manejo do vetor e doença não sejam rapidamente desenvolvidas. Neste contexto, são envolvidos, portanto, 2 agentes biológicos, o inseto, D. citri e a bactéria, Candidatus Liberobacter spp. O objetivo do presente projeto temático é realizar pesquisas com o inseto, desde a sua taxonomia, envolvendo técnicas morfológicas e biomoleculares, desenvolvimento de estudos biológicos em diferentes temperaturas e UR, visando determinar as regiões em que a praga será mais problemática; pesquisar diferentes populações com base em técnicas moleculares, estudar as interações vetor x bactéria e sua dinâmica populacional (e de inimigos naturais nativos), estabelecimento de estratégias de controle, incluindo métodos alternativos (biológicos, microbianos, resistência de plantas etc.) e químico, neste caso, especialmente com produtos seletivos. Tais estudos propiciarão um conjunto de medidas (um pacote tecnológico) a ser utilizado no manejo da praga na cultura de citros no estado de São Paulo. (AU)
Publicações científicas(Referências obtidas automaticamente do Web of Science e do SciELO, por meio da informação sobre o financiamento pela FAPESP e o número do processo correspondente, incluída na publicação pelos autores)