Resumo
A vacinação é um dos grandes triunfos da medicina moderna, porém ainda desconhecemos muitos dos mecanismos pelos quais as vacinas estimulam a imunidade protetora. Um dos grandes desafios da biologia e da medicina no século 21 é compreender a complexidade biológica que emerge das interações entre o nosso sistema imunológico e o meio ambiente (por exemplo, os patógenos). Para tanto, uma abordagem sistêmica, ao invés de uma abordagem reducionista deve ser empregada, de forma a obter dados preditivos, ao invés de dados descritivos. Este novo enfoque se tornou possível graças ao desenvolvimento de novas plataformas tecnológicas que permitem medir e visualizar o comportamento de largos conjuntos de genes, utilizando ferramentas computacionais e matemáticas para lidar com dados complexos. Neste contexto, surgiu a vacinologia sistêmica como uma área interdisciplinar que combina a medida de múltiplos parâmetros e sua análise em redes de interação e modelagem preditiva aplicada a vacinas. Esta abordagem já foi utilizada para as vacinas virais da febre amarela e gripe (atenuadas / inativadas) e foi capaz de predizer a futura imunogenicidade destas vacinas após a imunização, através da identificação de redes de genes ativados.A esquistossomose é uma importante doença causada por vermes trematódeos do gênero Schistosoma, que afeta mais de 200 milhões de indivíduos em 74 países. Essa doença parasitária é um sério problema de saúde pública, onde várias medidas de controle são propostas, dentre as quais se destaca o tratamento com a droga anti-helmíntica, o praziquantel e o desenvolvimento de uma vacina. Uma das principais dificuldades no desenvolvimento de uma vacina contra a esquistossomose relaciona-se ao pouco entendimento dos mecanismos moleculares protetores. Neste contexto, este projeto visa analisar o modelo de vacinação com cercária atenuada, através da comparação das redes de genes ativados/reprimidos no PBMC (células polimorfonucleares do sangue periférico) e sdLN (linfonodos drenantes da pele) de camundongos imunizados com uma dose (Th1), três doses (Th2) e em uma infecção natural (Th0). Para tanto, pretendemos utilizar a plataforma de microarrays, juntamente com análises multiplex de citocinas, e citometria de fluxo multiparamétrica. Essa proposta de trabalho auxiliará na busca de correlatos de proteção, ou mais apropriadamente, de assinaturas da imunidade inata e adaptativa necessária para ativação da resposta imune protetora. Desta forma, novos mecanismos de ação e previsão de imunogenicidade e eficácia vacinal poderão ser desvendados, permitindo assim o futuro desenho de novos sistemas de apresentação e adjuvantes para vacinas recombinantes de subunidades. (AU)
Publicações científicas
(5)
(Referências obtidas automaticamente do Web of Science e do SciELO, por meio da informação sobre o financiamento pela FAPESP e o número do processo correspondente, incluída na publicação pelos autores)
KANNO, ALEX ISSAMU;
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