Resumo
As "fronteiras" são raias, isto é, áreas de intergradação onde os processos se manifestam segundo uma lógica de descontinuidade objetiva da paisagem ou, ainda, segunda: uma impermeabilidade muito acentuada entre as parcelas do território submetidas às definições e redefinições territoriais mais ou menos independentes. O presente projeto tem como objetivo maior estudar diferentes formas de integração em parcelas territoriais que, por pertencerem a diferentes âmbitos regionais, conhecem diferentes estágios de desenvolvimento, diferentes estruturas administrativas e diferentes relações com os mercados. A compreensão destes processos apenas será possível a partir da convergência de diferentes perspectivas: estudo sobre o meio ambiente, sobre o desenvolvimento rural, sobre planejamento regional e urbano, e, ainda, sobre as dinâmicas socioambientais e territoriais. Nesse sentido, é preciso desenvolver estudos dentro do contexto econômico e social predominante ao longo da história de ocupação desse território e, sobretudo, termos em consideração as "sucessivas sociedades" e suas relações com o meio, ou seja, (1) a degradação do meio ambiente a partir de uma análise integrada: desmatamento-erosão-assoreamento-desperenização dos cursos d'água; (2) a história do uso e da propriedade da terra; (3) dos impactos das grandes obras - hidrelétricas, usinas de álcool - ; (4) dos reflexos dos movimentos sociais, notadamente, o MST; (5) dos reflexos das alterações do potencial ecológico e da exploração biológica sobre a sustentabilidade do desenvolvimento local-regional. A análise integrada será efetuada a partir da abordagem teórico-metodológica centrada no modelo geossistêmico, reconhecido como um conceito antrópico, ou seja, ele (o geossistema) não tem por função explicar a sociedade na sua relação com o território, mas de entender a fisionomia e o funcionamento do território sob o impacto da sociedade. Um dos objetivos do projeto, a produção de textos, sob o título geral "A raia divisória e seus municípios: contrastes e conflitos socioambientais", a ser publicados, inicialmente, em forma de encartes quinzenais (na imprensa regional), seriam agrupados e publicados em formato de livro. (AU)