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Documentário e o Brasil na Segunda Guerra Mundial: o antimilitarismo e o anticomunismo como matrizes sensíveis

Processo: 13/27017-0
Modalidade de apoio:Auxílio à Pesquisa - Publicações científicas - Livros no Brasil
Vigência: 01 de março de 2014 - 28 de fevereiro de 2015
Área do conhecimento:Ciências Humanas - História - História do Brasil
Pesquisador responsável:Márcia Regina Capelari Naxara
Beneficiário:Márcia Regina Capelari Naxara
Instituição Sede: Faculdade de Ciências Humanas e Sociais (FCHS). Universidade Estadual Paulista (UNESP). Campus de Franca. Franca , SP, Brasil
Assunto(s):Segunda Guerra Mundial (1939-1945)  Anticomunismo  Ditadura  Documentário  Publicações de divulgação científica  Produção científica  Livros 
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Anticomunismo | antimilitarismo | Ditadura Militar | Documentário | Feb | II Guerra Mundial | História do Brasil Contemporâneo

Resumo

Neste trabalho procurei refletir como se deu a representação da FEB e dos ex-combatentes brasileiros no cinema documentário contemporâneo, dos anos de 1990 e 2000, compreendendo a relação destes filmes com a memória da FEB e da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Nestes 60 anos de pós-guerra, o passado destes ex-combatentes foi submetido a quatro articulações que encontraram de uma maneira ou de outra ressonância no cinema: a memória "enquadrada" de 1944/45; a memória "emprestada" de 1960/70; a memória "atacada" de 1980/90 e a memória "em combate" de 2000. No fim da guerra foi forjada a imagem de uma FEB vitoriosa e de heróis nacionais, elegendo a conquista de Monte Castelo como o principal feito do soldado brasileiro na "Campanha da Itália". O inverno europeu e os quatro ataques mal-sucedidos ao Apenino transformaram Monte Castelo no maior mito da participação brasileira no conflito mundial. Mas os anos que se seguiram ao retorno da FEB ao Brasil foram acompanhados de um descaso total do Estado e da sociedade civil pelas experiências de guerra daqueles homens e mulheres que ainda mesmo na Itália já tinham sido desmobilizados. Foram nos anos de 1960/70 que a memória dos ex-combatentes assumiu nova conotação, tomada emprestada pelos militares no poder a "Campanha da Itália" passou a ser o horizonte para qual a sociedade civil e os militares deveriam olhar no tocante a uma nova luta que se configurava no cenário político nacional e internacional da época: a luta contra o comunismo foi a continuação da luta da FEB na Itália contra o nazifascismo. No entanto, este (res)sentimento de anticomunismo, que teve origem em 1935 com a Intentona Comunista e que veio sendo articulado e atualizado pelos militares ao longo dos anos, gerou um contra sentimento de antimilitarismo em uma parcela de intelectuais (cineastas, historiadores, jornalistas) que não só desprezou a história militar como também "atacou" aquela memória laudatória da FEB de 1944/45 que tanto serviu ao regime militar. Então, o documentário Rádio Auriverde (Sylvio Back, 1991) foi um exemplo de um cinema que teve como matéria-prima os (res)sentimentos de outros tempos, encarregando-se de desmistificar a FEB por meio da ironia, como artifício narrativo. Por outro lado, nos anos de 2000 a conotação da memória da FEB e dos ex-combatentes foi a de "em combate", mas uma luta travada contra o esquecimento e a denegação. A missão em tempos de paz foi manter vivo o passado dos brasileiros na Segunda Guerra Mundial, sem recorrer a mitos e heróis - o que nem sempre aconteceu - mas ao aspecto humano de suas narrativas, como podemos perceber em filmes como Senta a Pua! (Erik de Castro, 1999), A Cobra Fumou (Vinicius Reis, 2002) e O Lapa Azul (Durval Jr., 2007), que assumem a atividade de luto como um traço do documentário brasileiro preocupado em representar as experiências de homens e mulheres submetidas ao que há de mais intenso e aterrorizante na vida humana: a guerra. (AU)

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