Auxílio à pesquisa 15/14816-8 - Teatro brasileiro, Rio de Janeiro - BV FAPESP
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A arte do teatro entre França, Portugal e Brasil na figura de Emile Doux

Processo: 15/14816-8
Modalidade de apoio:Auxílio à Pesquisa - Regular
Área do conhecimento:Linguística, Letras e Artes - Artes - Teatro
Pesquisador responsável:Elizabeth Ferreira Cardoso Ribeiro Azevedo
Beneficiário:Elizabeth Ferreira Cardoso Ribeiro Azevedo
Instituição Sede: Escola de Comunicações e Artes (ECA). Universidade de São Paulo (USP). São Paulo , SP, Brasil
Assunto(s):Teatro brasileiro  Rio de Janeiro  Século XIX 
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Emile Doux | ensaiador | João Caetano | Rio de Janeiro | Século XIX | Teatro brasileiro | historia do teatro brasileiro

Resumo

A pesquisa pretende se debruçar sobre a trajetória e as atividades do ator e "ensaiador" teatral franco-brasileiro Émil(io)e Doux, formado pelo Conservatório Dramático francês e que se engajou numa companhia profissional que, nos anos de 1830, esteve em Lisboa. Com a partida da companhia, ele decidiu instalar-se na capital portuguesa e aí permaneceu por quase vinte anos. Aí, tornou-se um dos mais importantes personagens da história teatral lisboeta, tendo sido inclusive responsável por algum tempo pelo "teatro nacional" português. Doux renovou o cenário do teatro lusitano, introduzindo novos gêneros e estilos de atuação. A história de Doux em Portugal, contudo, não foi marcada apenas por sucessos. Embates com empresários e artistas locais foram constantes em sua experiência, fazendo-o mudar-se para o Brasil.No Rio de Janeiro, logo se associou ao mais importante ator brasileiro, João Caetano, mas também trabalhou com o jovem grupo que vinha tentando uma renovação da cena brasileira. Doux manteve-se em atividade por outros 20 anos, até sua morte no final da década de 1870. Pouco antes disso, naturalizou-se brasileiro. A pesquisa a ser realizada a partir de documentação existente em arquivos no Brasil, em Portugal e na França se enquadra na perspectiva dos projetos História Global do Teatro que investiga a emergência do teatro como fenômeno global no decorrer dos séculos passados. Tal perspectiva é das mais amplas e entende que nos 150 anos que vão de 1850 a 1990, a natureza do teatro foi transformada radicalmente no mundo inteiro, já que as artes cênicas deixam de ser uma forma cultural definida, praticada e experimentada de forma predominantemente local, para adquirir alcance global. Embora se saiba que o colonialismo e o imperialismo tenham criado poderosas redes de dependência socioeconômicas, o estudo das artes cênicas continua preso à ideia de que o teatro permanece um fenômeno local, até mesmo provinciano. Com exceção de estudos que se debruçam, sobretudo, sobre as práticas do teatro de língua inglesa e sua circulação no âmbito do Império Britânico e suas ex-colônias, raros são os trabalhos sobre o teatro de línguas latinas, dos quais podemos citar aquele coordenado por Jean-Claude Yon, Le théâtre français à l'étranger au XIXe siècle. No caso do teatro brasileiro, a ligação com Portugal, em primeira instância e, depois, com a França sempre foi reconhecida, mas pouco explorada em seus detalhes "materiais", isto é: a prática das turnês, os intercâmbios entre artistas, até mesmo a formação de "famílias artísticas" de nacionalidades variadas que ainda não foram devidamente estudadas e compreendidas em sua dinâmica e consequências para a configuração daquilo que se chama "teatro nacional brasileiro". Pretende-se entender e analisar o processo que liga essas culturas e nacionalidades a partir do estudo do caso de uma figura que personifica esse trânsito: Emile Doux, ou Emílio Doux como ficou conhecido primeiro em Portugal e depois no Brasil. A bibliografia de estudos globais de teatro, ainda é escassa no âmbito internacional e muito mais no nacional. O projeto pretende dar continuidade ao artigo publicado no livro Rotas de teatro entre Portugal e Brasil (2012), ampliando o horizonte de referências, aprofundando o conhecimento sobre a trajetória do artista e avaliando com mais propriedade o que ele representou para o teatro brasileiro, a partir da consulta a novos arquivos e acervos.Essa trajetória é a síntese de uma relação que se estabeleceu entre uma "matriz francesa" artística e a recepção efetiva das práticas artísticas. Entender essa "matriz" e os "usos" que dela foram feitos é o que se espera no fim deste estudo, lançando alguma luz sobre as escolhas e práticas do teatro brasileiro no seu aspecto artístico e sociocultural. (AU)

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