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Por uma geografia da autonomia: a experiência de autonomia territorial zapatista em Chiapas, México

Processo: 15/15333-0
Modalidade de apoio:Auxílio à Pesquisa - Publicações científicas - Livros no Brasil
Vigência: 01 de novembro de 2015 - 30 de abril de 2017
Área do conhecimento:Ciências Humanas - Geografia - Geografia Humana
Pesquisador responsável:Rodrigo Ramos Hospodar Felippe Valverde
Beneficiário:Rodrigo Ramos Hospodar Felippe Valverde
Instituição Sede: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Universidade de São Paulo (USP). São Paulo , SP, Brasil
Assunto(s):Geografia política  Povos indígenas  Autonomia  Conflitos  Território  América Latina  México  Publicações de divulgação científica  Produção científica  Livros 
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:América Latina | autonomia | Conflitos agrários | Ezln | Movimentos indigenas | território | Geografia Política

Resumo

Observa-se nas últimas três décadas a emergência política de diversas organizações indígenas nos países latino-americanos. Um divisor de águas desse fenômeno foi o levante armado do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), em 1994, no estado de Chiapas (México). Entre as demandas já "tradicionais" dos povos indígenas, como a questão da permanência à terra, o movimento zapatista incluiu em sua pauta política a reivindicação por autonomia, entendida, nesse contexto, como um distinto regime jurídico-territorial que permita aos povos indígenas mexicanos o exercício concreto da autodeterminação. Após o fracasso na aprovação de uma lei que definisse os marcos legais desse regime, os zapatistas decidem consolidar unilateralmente a autonomia que já vinham desenvolvendo em suas comunidades, desde o final de 1994. A partir dessa "autonomia em resistência" suprimiram qualquer tipo de relação com o Estado. As mudanças dessas relações de poder se projetaram no espaço, onde, a partir da conformação de comunidades, municípios e zonas autônomas, criaram-se governos paralelos zapatistas, operantes até a presente data. O objetivo da pesquisa foi o de analisar a organização espacial destes territórios autônomos e as relações sócio-espaciais ali travadas, especialmente no que se refere à posse da terra e a divisão social do trabalho e da produção, tentando esquadrinhar, na medida do possível, os limites e potencialidades que o modelo autonômico oferece a outros grupos indígenas. Nosso embasamento teórico e histórico partiu da revisão bibliográfica já produzida a respeito -predominantemente mexicana- além de um trabalho de campo nos territórios zapatistas. Metodologicamente buscamos compreender a gênese dos processos e das contradições sociais que fomentaram o surgimento do EZLN com base na ideia de "formação territorial" e a partir dos pressupostos da Geografia Histórica, ainda que nossa argumentação também tenha dialogado fortemente com a Geografia Agrária e Política. Soma-se a este esforço a tentativa de compreensão dos recursos ideológicos utilizados para o submetimento destas populações ao longo do processo de formação do Estado. A pesquisa apontou aspectos inovadores na estratégia política zapatista, entre elas a própria ideia de autonomia, que há possibilitado o empoderamento das comunidades indígenas frente aos modernos processos de despossessão territorial, entre outros fatores. Em contrapartida, na atual conjuntura política de Chiapas, os territórios autônomos demonstram-se com limitações estruturais de ordem econômica, o que, somado a uma nova ofensiva de forças chiapanecas refratárias ao projeto zapatista, vem dificultando, a nosso ver, o desenvolvimento das instituições autônomas e de novos projetos produtivos. (AU)

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