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Formação docente em tempos de educação inclusiva

Processo: 15/26154-0
Modalidade de apoio:Auxílio à Pesquisa - Pesquisador Visitante - Internacional
Vigência: 15 de abril de 2016 - 14 de julho de 2016
Área do conhecimento:Ciências Humanas - Educação - Tópicos Específicos de Educação
Pesquisador responsável:Rinaldo Voltolini
Beneficiário:Rinaldo Voltolini
Pesquisador visitante: Plaisance Eric
Inst. do pesquisador visitante: Université Paris Descartes - Paris 5, França
Instituição Sede: Faculdade de Educação (FE). Universidade de São Paulo (USP). São Paulo , SP, Brasil
Assunto(s):Ética  Educação especial  Formação de professores  Psicanálise  Intercâmbio de pesquisadores  Colaboração científica 
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Educação Especial | Ética | formação de professores | Inclusão | Psicanálise | Trabalho Com Grupos | Formação de professores e educação especial

Resumo

A proposta da educação inclusiva é uma tendência universal nas sociedades democráticas contemporâneas. Sua implementação, enquanto política pública, tem suscitado muitas polêmicas, seja pela quantidade e/ou qualidade dos recursos que se colocam à disposição, seja pelo grau de aproveitamento efetivo desses recursos. Temos observado a prevalência de um modelo jurídico-administrativo na abordagem da discussão das vicissitudes e dos impasses da inclusão, que privilegia a dimensão da implementação material do dispositivo inclusivo, através dos meios administrativos e jurídicos necessários. Nossa pesquisa parte de uma constatação do limite do poder das medidas tomadas neste âmbito para a efetiva instalação de um processo inclusivo. Com efeito, não basta que os recursos estejam disponíveis e instalados se não houver a implicação dos vários sujeitos envolvidos no processo em questão, a saber, alunos, pais, professores e agentes pedagógicos em geral, e, mais amplamente, toda a sociedade que formula a inclusão como meta. Essa implicação não pode advir da simples medida administrativa e, ao contrário, pode ser que as boas medidas administrativas dependam dela para melhor se informarem quanto a sua boa direção. A persistência desmedida no referencial jurídico-administrativo pode consubstanciar a falsa ideia de que os professores, pais, alunos, etc. resistem às mudanças, enquanto não fazem senão denunciar a complexidade da questão escondida nas simplificações realizadas por esse modelo. Sabemos dos impasses que as políticas brasileiras de educação inclusiva têm nos colocado: dificuldades de implementação; mobilização dos recursos; persistência de velhos modelos de trabalho; etc. Entre estas, a formação de professores se destaca, seja pelo impacto que a nova realidade da educação inclusiva instaura no cotidiano escolar, obrigando os professores a reverem suas práticas, seja pela queixa frequente e persistente destes reivindicando cursos de formação que os prepare para a nova realidade. Tal queixa e reivindicação, destaquemos de saída, em geral é predominantemente motivada pela presença de alunos com transtornos globais do desenvolvimento, que parecem ser o maior desafio da educação inclusiva. Em consonância com uma ampla discussão sobre a efetividade de modelos de formação docente, que inclui teóricos da Sociologia, da Pedagogia, Psicologia, etc, propomos em nossa pesquisa testar a validade e a efetividade de um modelo de formação centrado nas premissas de trabalho oriundas do campo de pesquisa da Psicanálise e Educação: basicamente, a da inclusão da noção de sujeito do inconsciente. Em contraposição ao modelo dominante de formação docente, centrado na premissa do domínio conceitual para fins instrumentais, o modelo aqui concebido tem como premissa a constatação de que o domínio conceitual e instrumental não é suficiente para uma efetiva mudança das práticas. Constatação, aliás, corroborada por vários autores da Sociologia, da Pedagogia, e da Psicanálise. O grupo de escuta de professores é o modelo aqui proposto para ser testado, por representar uma excelente possibilidade de trabalho que inclui o sujeito em sua particular relação com o saber. Reunidos em torno de uma tarefa comum: discutir seus problemas com o trabalho inclusivo, os professores se veem frente a identificações horizontais com seus pares e não apenas expostos a uma identificação vertical com o Mestre, que supostamente deteria o saber, um saber-fazer-com. O manejo dessa discussão, orientado pela ideia de giro discursivo, proposta por Lacan em sua teoria dos discursos, pode encaminhar o trabalho na direção de uma aquisição de saber com implicação de sujeito, portanto, com mais significação e efetividade na prática. Esse modo de aquisição de saber evitaria o destino comum, típico do modelo criticado, de conceber um conhecimento instrumental forjado sobre "A" criança, que tende a mostrar-se falho no contato com "as" crianças. (AU)

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