Resumo
Aranhas e vespas constituem um numeroso grupo de Artrópodes presentes na maioria dos ecossistemas terrestres, desde desertos até a escuridão úmida das florestas tropicais, desde praias até montanhas. As secreções tóxicas de muitas aranhas e vespas podem paralisar insetos-presa, através do bloqueio do processo de transmissão sináptica glutamatérgica presentes em junções neuromusculares (PALMA et al., 1998). Dessa forma, consideráveis esforços estão sendo feitos no sentido de isolar e identificar compostos neuroativos presentes nessas secreções, resultando na descoberta de muitos peptídeos e moléculas pequenas com ação bloqueadora de receptores de glutamato e/ou canais de cálcio (KOBAYASHI et al., 1992). Tendo isso em vista, a secreção de muitos desses animais tornaram-se ferramentas úteis para os estudos fisiológicos de diversas funções neurais, e muitos dos compostos neurotóxicos produzidos por suas secreções agressivas/defensivas podem se tornar modelos estruturais para o desenvolvimento racional de agentes neuroprotetores para diversas desordens neurológicas. Até este momento, é conhecido que os venenos de vespas são misturas complexas de compostos biologicamente ativos, tais como: aminas biogênicas, peptídeos e proteínas com atividade enzimática. Mas, a caracterização completa dos constituintes destes venenos ainda encontra dificuldades, em parte devido ao fato de que dentre seus vários componentes, estão os compostos de baixas massas moleculares, os quais possuem uma ampla faixa de atividades biológicas, mas ocorrem naturalmente em baixas concentrações, o que exige a utilização de preparações biológicas em larga escala e o uso de técnicas micro-analíticas sofisticadas e caras. Este projeto faz parte do elenco de projetos apoiados pelo programa BIOprospecTA/ FAPESP, e tem por objetivo o isolamento e a caracterização estrutural e biológica de algumas das frações de baixas massas moleculares mais abundantes do veneno de vespas sociais. Assim, os venenos das vespas Agelaia pallipes pallipes, Agelaia vicina e Polybia paulista serão fracionados em HPLC, e as frações puras, mais abundantes, serão investigadas por espectrometria de massas e ressonância magnética nuclear para elucidação estrutural das mesmas; e posteriormente, estas frações serão submetidas a diversos ensaios para a determinação de suas atividades biológicas, principalmente daquelas atividades relacionadas à neurotoxicidade/neuroproteção, tanto em insetos como em mamíferos. (AU)
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