Resumo
O Histoplasma capsulatum é um fungo dimórfico responsável por infecções pulmonares graves caracterizadas por reação granulomatosa. Sua incidência vem aumentando bastante nos últimos anos devido principalmente às alterações imunológicas relacionadas ao comprometimento da imunidade celular. A infecção é adquirida a partir da inalação de microconídios ou pequenos fragmentos miceliais presentes no meio ambiente. No organismo do hospedeiro, esta fase filamentosa é convertida para a leveduriforme, que sobrevive e se multiplica no interior de macrófagos, caracterizando a fase parasitária do fungo.Anteriormente, demonstramos que os leucotrienos (LTs) estão envolvidos no recrutamento de fagócitos e outros leucócitos na histoplasmose, além de estarem aumentados nos pulmões dos animais infectados. Também observamos que em animais infectados, a inibição da biossíntese destes mediadores, através do composto MK886, exacerba a reação inflamatória e diminui a produção de IFN-³, IL-12 e óxido nítrico, resultando em morte de 100% dos animais. Antígenos livres de células (CFAgs, do inglês "cell-free antigens") isolados da parede celular de leveduras de H. capsulatum, quando empregados na vacinação de animais, conferem proteção eficiente aos mesmos e controle da infecção, uma vez que ativam a imunidade celular. Posteriormente, verificamos que animais vacinados com CFAgs e infectados com H. capsulatum produzem níveis mais elevados de LTs nos pulmões do que animais somente infectados.Uma vez que os LTs são relevantes para a fagocitose, mecanismos microbicidas e resposta imune adaptativa na histoplasmose, desenvolvemos microesferas biodegradáveis, constituídas de ésteres derivados dos ácidos láctico e glicólico (PLGA, do inglês "poly-lactic-co-glycolic acid"), contendo LTB4, com o objetivo de serem administradas in vivo. O sistema de encapsulamento, cuja liberação da substância encapsulada é controlada e sustentada, mostrou-se eficaz para preservação deste lipídio. As microesferas contendo LTB4 foram mais fagocitadas por macrófagos in vitro em comparação ao controle; e aumentaram o recrutamento de leucócitos para os pulmões, quando administradas intratraquealmente.Baseado no exposto acima e nos potenciais terapêutico e profilático dos CFAgs, pretendemos, neste projeto, avaliar in vitro as atividades biológicas de microesferas contendo LTB4 e/ou CFAgs, empregando macrófagos murinos ou de linhagem imortalizada. O encapsulamento de LTB4 e CFAgs em microesferas poderá constituir uma nova formulação vacinal ou terapêutica para esta micose.
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