Resumo
A epidemia da Aids, juntamente com a tuberculose multirresistente representam uma ameaça nacional e internacional para o controle da tuberculose. No Brasil, dados parciais sobre a tuberculose multirresistente, notificados ao Sistema de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, revelam que, em 2007, foram notificados 116 casos. Tendo em vista a importância epidemiológica desse agravo à saúde, este estudo tem como objetivos: a) caracterizar pacientes portadores de TBMDR matriculados em uma unidade de referência da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, no período de 2002 a 2007, segundo variáveis sócio-demográficas e epidemiológicas; b) apreender a trajetória nos serviços de saúde dos pacientes TBMDR sob controle na mesma unidade de saúde, no ano de 2008, desde a suspeita da infecção pelo bacilo de Koch até o desenvolvimento da multirresistência. Utilizar-se-á da teoria da Determinação Social do Processo Saúde-Doença para a apreensão da trajetória dos portadores de TBMR e, para a descrição do perfil, o estudo caracterizar-se-á como seccional. Utilizar-se-á dos dados constantes nos prontuários dos pacientes matriculados da referida instituição para a coleta das seguintes variáveis: sócio-demográficas (sexo, idade, escolaridade, ocupação) e clínico-epidemiológicas (município de residência, número de casos por ano, tipo de supervisão na tomada da medicação, forma clínica, tipo de caso, tipo de MDR, co-morbidades, teste anti-Hiv, cultura de escarro, resultado de tratamento, resistência a quais drogas, tratamento anterior). Para a obtenção dos dados referentes ao objetivo b, será realizada entrevista com os pacientes e, posteriormente, os depoimentos serão analisados segundo técnica apropriada de análise de discurso. Os dados serão armazenados e analisados buscando identificar os determinantes da ocorrência de multirresistência às drogas em pessoa com TBMR e identificar a associação entre as variáveis estudadas e a TBMR. Na parte qualitativa do estudo, buscar-se-á evidenciar problemas e/ou dificuldades na trajetória da assistência, ou no próprio desenvolvimento da vida dos pacientes, que podem ter contribuído para o desenvolvimento da multiresistência.
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