Resumo
Glioblastoma multiforme (GBM) é uma doença devastadora, que responde por 69% de todos os tumores malignos primários do sistema nervoso. Apesar do uso da cirurgia, quimioterapia e radioterapia, a média de sobrevida desses pacientes é geralmente menor do que um ano após o diagnóstico. A quimioterapia baseada em agentes alquilantes, como a temozolomida (TMZ), tem mostrado uma modesta resposta e pequeno aumento da sobrevida, no entanto, a metade dos pacientes não responde a esta droga. Uma nova estratégia emergente para sensibilizar células tumorais a agentes causadores de dano no DNA (quimioterápicos e radiações) é a inibição de proteínas de reparo do DNA. Apurinic endonuclease 1/ Redox factor -1 (APE1/REF-1) é uma enzima que tem despertado interesse, cuja expressão encontra-se aumentada em vários tipos de câncer, incluindo gliomas. Nesses, a elevação da atividade de APE1 foi relatada como um marcador da tumorigênese glial. Além de apresentar atividade de reparo do DNA, participando do reparo por excisão de base (BER), APE1 também atua como fator de redução, mantendo fatores de transcrição (FTs) em um estado ativo reduzido. Esse gene estimula a atividade de ligação ao DNA de uma variedade de FTs que estão envolvidos na promoção e progressão do câncer, tais como AP-1 (FOS/JUN), NFºB, HIF-1±, CREB, HLF, TP53, além de outros. O uso de inibidores da atividade redutora e de reparo de APE1 tem sido implicado como um importante aspecto no câncer. Portanto, a proposta desse estudo é utilizar a estratégia de inibição da transcrição do gene APE1 e tratamento das células de GBM com a droga TMZ (temozolomida) para analisar a influência desse gene na expressão transcricional e protéica de seus FTs alvos da sua atividade redutora, bem como sobre as respostas celulares avaliadas por vários ensaios: sobrevivência celular e clonogênica, apoptose, ensaio Cometa, cinética do ciclo celular e análise de migração/invasão. Uma vez que poucos resultados de estudos envolvendo células de GBM foram efetivamente aplicados à prática clínica, torna-se relevante a caracterização de moléculas alvo que atuam nas vias de resposta a drogas, o que poderá contribuir para a formulação de novas estratégias terapêuticas que sejam mais eficazes e que possam de alguma forma minimizar o problema da resistência aos agentes antitumorais.
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