Resumo
Caracterizada pela incapacidade cardíaca no suprimento sanguíneo adequado ao organismo, a insuficiência cardíaca (IC) apresenta grandes taxas de incidência, mortalidade e internação, além de consumir grande parte do orçamento de saúde no país. Dentre os principais sintomas da doença estão os prejuízos da musculatura esquelética, comprovadamente os principais causadores da baixa tolerância ao exercício físico observada nos pacientes, o que sem dúvida contribui para a piora na qualidade de vida desses pacientes. Sendo assim, o estudo do exercício físico na IC é de importância substancial, já que os tratamentos convencionais com utilização de fármacos mostram-se incapazes de melhorar a tolerância ao esforço físico dos pacientes, conseguida apenas por meio do treinamento físico regular. Além disso, o treinamento físico promove aumento do consumo de oxigênio de pico (VO2pico), melhoria do balanço simpato-vagal, do metabolismo e do trofismo muscular. Com isso, faz-se importante o estudo da musculatura esquelética dos portadores de IC, bem como suas adaptações após um programa de treinamento físico. A vasta maioria dos estudos sobre o tema utiliza o protocolo de treinamento contínuo como forma de intervenção, ou seja, sem mudança na intensidade de exercício durante as sessões. No entanto, alguns estudos mostraram que um protocolo de treinamento intervalado permite o alcance de intensidades mais altas de exercício físico com melhores resultados nas variáveis cardiovasculares em pacientes com IC, o que culminaria em maiores benefícios cardiovasculares e musculares. A partir disso, a proposta do presente projeto é avaliar a eficácia do treinamento intervalado em modelo animal de infarto crônico do miocárdio, com enfoque principal nas adaptações da musculatura esquelética, comparando-o com o protocolo de treinamento classicamente utilizado nas investigações científifcas, ou seja, contínuo em intensidade moderada. Portanto, no presente projeto, pretendemos estudar em ratos SHAM operados e com infarto do miocárdio, as adaptações morfofuncionais nos músculos sóleo (predominantemente oxidativo) e plantar (predominantemente glicolítico) após o treinamento físico realizado de maneira intervalada ou contínua, com gastos calóricos semelhantes por sessão. Cabe ressaltar que os resultados obtidos podem contribuir para uma otimização dos benefícios associados ao treinamento aeróbico, que atualmente, constitui-se por um dos tratamentos não farmacológicos mais eficazes da IC.
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