Resumo
O conhecimento sobre os proteomas dos venenos de Bothrops é importante no sentido de que este gênero causa a maioria dos acidentes ofídicos no Brasil. Além disso, o conhecimento sobre a composição proteômica e a variabilidade de venenos de serpentes pode ter um impacto tanto na pesquisa básica, como no tratamento nos casos de acidentes ofídicos, incluindo a seleção dos antissoros e a seleção de espécimes para a produção dos antissoros, sendo ainda relevante para aqueles que estudam a evolução das toxinas de serpentes. Venenos de serpentes do gênero Bothrops causam, além de efeitos locais, efeitos sistêmicos sobre os sistemas hemostático e cardiovascular. Variações proteômicas nos venenos, relacionadas à idade e ao sexo do animal, são características freqüentemente reportadas na literatura. Uma expressiva alteração na capacidade de interferência em processos hemostáticos é descrita para a maioria dos venenos dos filhotes das espécies do gênero Bothrops, contudo uma relação com toxinas específicas presentes nos venenos dos filhotes não está completamente estabelecida, nem tampouco o perfil de expressão de toxinas sob um enfoque ontogenético. Utilizando abordagens complementares da proteômica e da transcriptômica este projeto tem como principal objetivo analisar a variabilidade do veneno da serpente B. jararaca relacionada à idade do animal, com enfoque para toxinas que tenham atividade sobre componentes do sistema hemostático, e toxinas com atividade letal sobre aves, verificada em experimentos preliminares deste projeto. Serão utilizadas glândulas de veneno de animais adultos e de filhotes, bem como venenos extraídos de adultos e filhotes, procedentes de diferentes regiões do estado de São Paulo. Dada a ampla distribuição geográfica e importância epidemiológica desta espécie, uma análise detalhada dos perfis proteômico e transcriptômico de filhotes e adultos pode fornecer subsídios para o entendimento da variabilidade ontogenética verificada para o veneno desta espécie, além de possibilitar o descobrimento de novas toxinas, cuja expressão seja ontogeneticamente regulada. O segundo objetivo é aprofundar a análise proteômica sobre as variações no veneno relacionadas ao sexo, em animais adultos, estudada anteriormente por nosso grupo. (AU)
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