Resumo
A osteoartrite (OA), classificada como uma doença reumática crônico-degenerativa é, sem dúvida, a afecção mais freqüente do sistema musculoesquelético, o que contribui para a incapacidade laborativa de aproximadamente 15% da população adulta mundial. Essa doença tem o estresse mecânico como uma das principais causas de surgimento e progressão da doença, principalmente em articulações de constante sobrecarga e movimentação como o joelho. Diante disso, um dos principais tratamentos visa à diminuição de carga intra-articular. Recentes estudos têm demonstrado, de forma aguda, que o uso de calçados que mimetizem a marcha descalça podem minimizar a sobrecarga articular, contudo, até o momento não se tem conhecimento de nenhum estudo que tenha avaliado o efeito do uso desse tipo de calçado de forma crônica em pacientes com OA de joelho. Objetiva-se avaliar o efeito terapêutico crônico de um calçado flexível, sem salto e de baixo custo financeiro, sobre os aspectos clínicos, funcionais e biomecânicos da marcha de idosas com OA de joelho. Os aspectos clínicos e funcionais serão avaliados por meio de uma escala visual analógica (EVA) de dor, questionários WOMAC e Lequesne de qualidade de vida em pacientes com OA e teste de caminhada de seis minutos (TC6M). A análise biomecânica da marcha será realizada por meio de câmeras infra-vermelho e uma plataforma de força. A partir dos dados da cinemática e cinética, serão calculados os momentos de força articular do joelho pelo método da dinâmica inversa. Participarão do estudo 56 idosas com OA de joelho graus 2 e 3 (Kellgren e Lawrence). As participantes serão aleatorizadas (em blocos) e alocadas no grupo que fará uso de um calçado flexível e sem salto, denominado grupo intervenção (GI) ou no grupo que não utilizará este calçado (GC). Ambos os grupos serão acompanhados por 6 meses. O processo será dividido da seguinte forma: etapa 1, onde ocorrerá a triagem e a avaliação inicial das potenciais participantes; etapa 2, onde serão avaliadas a dor por meio da EVA, a função e a qualidade de vida por meio dos questionários WOMAC e Lequesne e pelo TC6M, além da avaliação biomecânica da marcha. Na etapa 3 (3º meses de acompanhamento), o GI será avaliado novamente pela EVA, e questionários WOMAC e Lequene. Na etapa 4, após 6 meses do início do processo de acompanhamento, ambos os grupos serão reavaliados por meio da EVA, WOMAC, Lequesne, TC6M e análise biomecânica da marcha. Esta etapa será a avaliação final, caracterizando assim o término da intervenção. As comparações inter-grupos serão realizadas por meio de testes t independentes e inter-momentos por meio de testes de análise de variância (ANOVA) para medidas repetidas seguidas de post hoc de Newman-Keuls. Este procedimento será realizado para cada variável estudada. As comparações das variáveis do WOMAC e Lequesne serão comparadas por meio do teste de Mann-Whitney. Será adotado ± = 0,05.
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