Resumo
Trypanosoma cruzi é um protozoário flagelado agente etiológico da doença de Chagas com grande relevância na América Latina. T. cruzi antigamente era subdividido em dois grupos que ocupavam ambientes ecológicos distintos, Tc I ocupava o ciclo silvestre e a Tc II, o ciclo doméstico. Atualmente, a espécie T. cruzi foi reagrupada em 6 linhagens distintas, Tc I-VI com base em estudos moleculares. No entanto, poucos esforços foram realizados para caracterizar propriedades biológicas e mecanismos de invasão dos isolados recentemente reagrupados. Esta caracterização pode complementar os estudos moleculares utilizados como base para reagrupar estes parasitos. Este protozoário se caracteriza morfologicamente por apresentar três estágios evolutivos distintos: epimastigota, tripomastigota e amastigota, sendo as formas infectivas clássicas os tripomastigotas metacíclicos e os tripomastigotas sangüíneos. No entanto, sabe-se que amastigotas derivados de tripomastigotas, independente do estágio intracelular no mamífero, são também capazes de infectar células in vitro. Estes amastigotas extracelulares (AE), apresentam antígeno de superfície específico de amastigotas (Ssp-4), glicoproteína de 84 kDa ancorada à membrana por âncora GPI, reconhecida pelo anticorpo monoclonal (mAB) 2C2. Uma abordagem interessante para caracterizar diferentes isolados de T. cruzi é a utilização de mAbs que interagem com epítopos de carboidrato e não carboidrato presentes no parasito. Foram realizados estudos comparativos prévios em nosso laboratório com o objetivo de correlacionar a expressão dos epítopos de carboidrato e não carboidrato reconhecidos por mABs produzidos a partir da imunização de camundongos com extrato de amastigotas do clone D11 (cepa G) e a infectividade de diferentes isolados T. cruzi. Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo central caracterizar diferentes isolados pertencentes às linhagens distintas de T. cruzi, a partir da expressão dos epítopos de carboidrato e não carboidrato que reagem com mAbs previamente obtidos em nosso laboratório e correlacionar a expressão dos epítopos reconhecidos por esses mAbs (2C2, 1D9, 2B7, 3G8, 3B9, 4B9, 3B2 e 4B5) com a infectividade e mecanismos de invasão destes parasitos. A caracterização do perfil de expressão dos epítopos desses isolados será realizada por citometria de fluxo e imunofluorescência. O perfil de expressão dos epítopos será correlacionado à infectividade, utilizando os diferentes mAbs para avaliá-los quanto à capacidade em bloquear a invasão do parasito. (AU)
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