Resumo
O principal objetivo desta pesquisa é realizar uma análise da configuração sócio-espacial dos Projetos de Desenvolvimento Sustentável PDS - Fazenda da Barra e PDS - Sepé Tiarajú implementados pelo Incra na Região de Ribeirão Preto (SP) considerando-a como elemento central no processo de consolidação territorial, como elemento de resistência e fundamento de seu projeto político. Desta forma, procura-se demonstrar o caráter transformador dos movimentos sociais camponeses em seu processo de territorialização ao introduzirem lógicas e práticas sócio-espaciais diferenciadas, transformações sociais que determinam rupturas nos modelos de distribuição da terra e que ao mesmo tempo em que se colocam como antíteses à lógica da propriedade individual, no embate, representam também formas de resistência as estratégias de avanço do capital agroindustrial nos assentamentos, seja pela lógica de subordinação da produção nos sistemas de integração, seja pela lógica de subordinação da terra pelos processos de arrendamento, seja pela lógica de subsunção do trabalho pelas estratégias de assalariamento e que promovem o absenteísmo rural. Neste sentido, pretende-se analisar os principais elementos de resistência estabelecidos mediante a implementação da modalidade de assentamento PDS e Comuna da Terra, que, por sua vez, relacionam-se ao modo de vida dos assentados, especificamente, ao conjunto de relações sociais, práticas sócio-espaciais e sentidos sobre o mundo do trabalho, prioritariamente, a terra entendida não como valor de troca, mas como valor de uso, que torna distante a percepção de mundo das famílias assentadas da lógica da propriedade privada. Para tanto, pretende-se realizar uma coleta de dados por intermédio de entrevistas semi-estruturadas junto aos assentados que integram os quatro movimentos sociais camponeses que disputam à liderança das famílias assentadas nestes assentamentos (MST, MLST, Índio Galdino e Luiza Mahin), procurando identificar em que medida os aspectos sócio-territoriais (produção, organização social e relações de poder) comparecem como resistência ao avanço do setor sucroalcooleiro nestas áreas de reforma agrária.
|