Resumo
O Grupo de Pesquisa Diabete e Gravidez - Investigação Clínica e Experimental vem desenvolvendo pesquisas clínicas e experimentais nesta linha há mais de 25 anos. Os resultados destes estudos caracterizaram um grupo de gestantes que, apesar do teste de tolerância a glicose 100 g (TTG100g) normal, apresentam hiperglicemia evidenciada por alterações no Perfil Glicêmico (PG). Estas gestantes foram classificadas como grupo IB de Rudge, portadoras de hiperglicemia gestacional leve. Além de outros resultados perinatais adversos (RPA), característicos dos filhos de mães diabéticas, as hiperglicêmicas gestacionais tem risco atribuível de morte perinatal comparável ao grupo de gestantes diabéticas (4,16% vs 6,12%) e, por isso, são tratadas como diabéticas.A literatura atual está reconhecendo que a hiperglicemia materna, de qualquer intensidade e independente do diagnóstico de diabete gestacional, deve ser controlada pelo risco de RPA.Isto valida a identificação e o tratamento, iniciado há mais de 25 anos, do grupo IB de Rudge, portadoras de hiperglicemia gestacional leve.Em estudos sobre os fatores envolvidos no desfecho adverso de gestações complicadas por distúrbios glicêmicos, os resultados do nosso grupo de pesquisa destacam a hipóxia intra-uterina e a hiperglicemia materna de intensidade variada. Esta associação levaria a alterações morfológicas e funcionais da placenta, caracterizadas por comprometimento da vascularização da superfície de trocas materno fetal, aumento e/ou diminuição dos marcadores da proliferação vascular, incremento da apoptose (e alterações no perfil de citocinas.Paralelamente, nossos resultados experimentais, em ratas com diabete induzido por estreptozotocin, evidenciaram outros fatores envolvidos com RPA. Os processos oxidativos, mediados por radicais livres e o aumento de danos gerais de DNA mostraram-se diretamente dependentes da intensidade da hiperglicemia materna, refletida no meio intrauterino.Entre outros fatores, a hiperglicemia e a inflamação geram espécies reativas de oxigênio, levando a um estado de estresse oxidativo e consequente dano na molécula de DNA. Se as células não tiverem capacidade para o reparo do DNA, haverá acúmulo de mutação ou morte celular. A adição de ferramentas da biologia molecular em nossos estudos foi decisiva para definir novos rumos. Assim, um projeto de duas alunas de pós-doutorado, com bolsa PNPD/CAPES está em desenvolvimento, para explorar a via da hipóxia e vascularização placentária nas gestações complicadas por diabete e hiperglicemia gestacional leve. Neste projeto estão sendo avaliados expressões protéicas e gênicas do VEGF e PlGF e seus receptores (VEGFR-1 e VEGFR-2) e de iNOS, COX2, HIF-alfa e MCP1; as concentrações de VEGF e PIGF e seus receptores (VEGFR-1 e VEGFR-2) e de iNOS e COX2 e do fator MCP1 em homogenato placentário e no soro materno (Projeto PNPD). Estes estudos deverão ser complementados pelo presente projeto, com a exploração de potenciais alterações na via de danos e reparo de DNA, decorrentes, também, da hiperglicemia e hipóxia, presentes no meio intrauterino nestas gestações.Neste contexto, este projeto tem como objetivo geral, a investigação das lesões no DNA (nuclear e mitocondrial), da capacidade de reparo de DNA e da morte celular, ativadas pelas lesões, em gestantes portadoras de hiperglicemia de intensidade variada e em seus descendentes. O desenvolvimento deste projeto deverá contribuir para o esclarecimento dos mecanismos envolvidos e consequente prevenção dos RPA nestas gestações, o que justifica sua proposição. Além dos avanços científicos, este projeto deverá consolidar uma parceria, já iniciada, com pesquisadores do ICB da Universidade de São Paulo, Profa. Titular Estela Maris Andrade Forell Bevilacqua, responsável pelo Laboratório de Citofisiologia do Trofoblasto, e Prof. Titular Carlos Frederico Martins Menck, responsável pelo Laboratório de Reparo de DNA.
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