Resumo
As ilhotas pancreáticas são constituídas em maior parte por células B, secretoras de insulina, e têm sua função modulada pela concentração de nutrientes presentes na circulação, dentre eles, a glicose, reconhecida como principal secretagogo de insulina. Distúrbios metabólicos como síndrome metabólica, obesidade e resistência à insulina são caracterizados pelo desbalanço na homeostase glicêmica e pela deficiência na secreção e/ou ação deste hormônio, produzido pelas células B. Tais distúrbios são proporcionados pela ingestão de alimentos hipercalóricos e consequentemente, elevada concentração sérica de ácidos graxos (AG), o que ocasiona acúmulo de lipídeos nos tecidos, resistência à insulina, hiperinsulinemia e hiperglicemia. O excesso de AG pode provocar danos à célula B, os quais são causados pelo acúmulo de metabólitos derivados desses ácidos graxos. Além deste, o aumento na concentração plasmática de glicose acarreta em distúrbios que têm sido atribuídos a um desvio no direcionamento metabólico deste substrato associado à formação excessiva dos produtos de glicação avançada (AGE) e de espécies reativas e oxigênio (EROs). O aumento circulante de AGEs está associado a complicações no diabetes mellitus (DM) e até mesma com a própria origem da doença. A formação excessiva de EROs resulta em estresse causado pela alta taxa de oxidação, denominado estresse oxidativo, o qual está relacionado com a perda de funcionalidade das células B pancreáticas. Um exemplo de produção celular de EROs, é a catalisada pela enzima nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato oxidase (NAD(P)H oxidase). Neste sentido, o desbalanço na homeostase glicêmica correlaciona-se com o aumento circulante de AGEs e EROs. A albumina glicada é um importante marcador do controle glicêmico no DM. Embora a glicação avançada de albumina in vitro tenha sido utilizada como modelo para o estudo da funcionalidade da célula B pancreática não se sabe ao certo a contrapartida da produção in vivo vs. in vitro de AGEs que ocorre no desbalanço glicêmico. Adicionalmente, é pouco conhecido os efeitos da glicação avançada sobre ilhotas pancreáticas e tão pouco, sobre a enzima NAD(P)H oxidase e a produção de EROs. Assim, o objetivo do presente estudo é induzir o desbalanço glicêmico e investigar os efeitos sobre a produção de EROs, metabolismo e funcionalidade de ilhotas pancreáticas isoladas, bem como avaliar a expressão e atividade da enzima NAD(P)H oxidase em células B pancreáticas. Também objetivamos analisar se os AGEs são possíveis moduladores desta enzima em células que secretam insulina.
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