Resumo
Todo ser humano apresenta oscilações posturais aleatórias durante a postura ereta quieta que são controladas pelo sistema nervoso central. A realimentação sensorial é baseada em informações provenientes dos sistemas visual, vestibular, proprioceptivo e cutâneo (por exemplo, da sola dos pés). Um déficit em qualquer um desses sistemas sensoriais pode levar a um pior desempenho do sistema de controle postural, causando um aumento na amplitude das oscilações posturais e uma maior propensão a quedas. Ao contrário, se houver uma adição ou amplificação de informação sensorial em relação ao que normalmente ocorre, pode haver um incremento na qualidade do controle postural. Um exemplo deste efeito ocorre quando o sujeito experimental toca levemente com a ponta de um dedo ("light touch" ou LT) em uma superfície fixa ao solo. Esta pista sensorial somestésica é suficiente para diminuir significativamente a amplitude das oscilações posturais em um ser humano em pé. Em um artigo recente mostramos que, se adicionalmente, a superfície de apoio do dedo é vibrada estocasticamente, há uma melhoria adicional em relação ao LT, atribuindo-se a melhoria ao fenômeno da ressonância estocástica (RE) nos receptores sensoriais. Entretanto, há necessidade de se obter maiores conhecimentos sobre mecanismos associados ao LT, tanto no que tange os aspectos sensoriais quanto motores associados ao fenômeno. Um dos objetivos da pesquisa proposta é avaliar o grau de contribuição de diferentes populações de receptores sensoriais do dedo, mão, antebraço e braço do sujeito para o efeito de LT. Neste item ainda, uma pergunta a ser respondida é se há efeito de habituação à vibração estocástica da superfície de contato na RE. Um segundo objetivo é entender melhor as origens da melhoria do desempenho motor durante a postura ortostática complementada com LT. Por exemplo, deseja-se saber se o principal mecanismo é a maior estabilização da força gerada pelos flexores plantares, ou se o mecanismo principal seria uma menor oscilação em torno da articulação do quadril. As abordagens mesclam ferramentas e conhecimentos da Engenharia Biomédica, neurofisiologia humana e biomecânica. Há potencial de aplicabilidade dos resultados para a clínica.
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