Resumo
A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico crônico de natureza complexa. Apesar de intensa pesquisa, as causas da esquizofrenia ainda são desconhecidas. A principal hipótese para explicar a doença é baseada no desequilíbrio da neurotransmissão dopaminérgica. Adicionalmente, uma hipótese glutamatérgica da esquizofrenia também tem sido apresentada, sugerindo que uma hipofunção da neurotransmissão glutamatérgica mediada pelos receptores NMDA possa estar por trás de aspectos específicos desse transtorno psiquiátrico. Além das ideias acerca dos mecanismos neuroquímicos, alguns estudos investigam uma possível relação entre esquizofrenia e drogas de abuso, como a Cannabis sativa. Foi verificado que o 9-tetraidrocanabinol (9-THC), principal constituinte psicotomimético presente na Cannabis, induz reações psicóticas e alterações cognitivas similares aos sinais e sintomas da esquizofrenia. Entretanto, o canabidiol (CBD), outro importante componente da Cannabis, ao contrário do 9-THC, é desprovido de propriedades psicotomiméticas e estudos pré-clínicos e clínicos demonstraram que o CBD apresenta efeito similar ao de drogas com perfil antipsicótico. No entanto, as propriedades antipsicóticas do tratamento repetido com CBD, bem como seus efeitos ao nível molecular e as estruturas cerebrais envolvidas, ainda não foram investigadas de forma significativa na literatura. Recentemente, como parte do doutorado, nós observamos que o tratamento repetido com CBD atenuou as alterações comportamentais induzidas pelo tratamento crônico de um antagonista de receptores NMDA (MK-801), um modelo que parece representar melhor as alterações comportamentais, neuroquímicas e neuroanatômicas observadas em pacientes com esquizofrenia. Na continuidade do projeto iremos investigar as eventuais alterações neuronais e em células da glia associadas ao tratamento prolongado com MK801 e o efeito do CBD sobre elas. (AU)
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