Resumo
O ciclo reprodutivo em peixes é neuromodulado por fatores externos, tais como fotoperíodo, temperatura, pluviosidade e chuvas. Uma vez que o animal tenha alcançado as condições biológicas mínimas para iniciá-lo, os estímulos externos captados por órgãos receptores, convertidos em sinais eletroquímicos, passam a estimular a síntese e liberação do hormônio liberador de gonadotropinas (GnRH), que via corrente sanguínea, estimula as células gonadotrópicas na hipófise a iniciar a síntese e liberação do FSH (hormônio folículo estimulante) iniciando o processo que levará a conversão do colesterol em testosterona. A testosterona é transportada à camada granulosa, e aromatizada a 17²-estradiol (E2), que age no fígado, estimulando a síntese de vitelogenina, uma glicolipofosfoproteína, que via corrente sanguínea, é "incorporada" pelo ovócito por meio de micropinocitose, promovendo assim o crescimento do ovócito e a incorporação do vitelo. Em resposta a acentuada produção de E2, ocorre o feedback negativo para o FSH e juntamente com a ação do GnRH estimulam a secreção do LH (hormônio luteinizante), que uma vez ligado aos seus receptores na camada granulosa, irá atuar sobre os folículos ovarianos, iniciando o processo de maturação final e consequentemente, a ovulação. Todo esse ciclo pode ser considerado como uma fase muito sensível aos estímulos do ambiente, podendo inclusive alterar os níveis de estresse dos indivíduos, que já submetidos a variantes, como a migração reprodutiva em algumas espécies, temperatura ou chuvas, podem reduzir os níveis circulantes de hormônios esteroides sexuais. Estímulos capazes de gerar altos níveis de estresse podem ainda, produzir respostas diferentes em distintos estágios de maturação, afetando a qualidade dos gametas e podendo influenciar a reprodução de sua prole. Adicionalmente, para muitas espécies de peixes Neotropicais, o processo reprodutivo é bloqueado de alguma forma, quando estes animais são transferidos para o cativeiro, em operações de cultivo, e provavelmente, o estresse gerado pela manutenção destes animais, neste ambiente confinado, pode ser um indicador deste bloqueio. Neste sentido, interferências hormonais são necessárias para proporcionar a maturação final e a ovulação nestas espécies Neotropicais. Assim sendo, vários estudos recentes vêm tentando mensurar a influência do estresse nas etapas finais do evento reprodutivo em espécies Neotropicais com bloqueio de reprodução em cativeiro, como é o caso do presente projeto, pois, busca compreender a correlação entre o estresse e a capacidade reprodutiva de duas espécies de teleósteos filogeneticamente próximas,ambas em situação de bloqueio reprodutivo em cativeiro: Astyanax bimaculatus e Astyanax fasciatus. (AU)
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