Resumo
O pinguim-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus), habitante da Argentina, Chile e Ilhas Malvinas, visita a plataforma continental brasileira durante sua migração invernal. Uma fração significativa destes animais atinge nossas praias com saúde debilitada, recebendo atendimento em Centros de Reabilitação (CR) distribuídos no litoral brasileiro. Dentre as principais doenças infecciosas que acometem estes animais está a malária aviária, responsável por parte da alta taxa de mortalidade observada. Portanto, valendo-se de métodos biomoleculares, sorológicos, patológicos e hematológicos, o projeto visa contribuir para a compreensão do processo anatomopatológico e dos padrões epidemiológicos da infecção malárica em pinguins-de-Magalhães de CRs e mantidos em cativeiro e, neste contexto, inferir sobre o potencial impacto desta doença para a conservação destas aves marinhas. Os sistemas imunoenzimáticos (ELISA) são considerados de grande utilidade para o diagnóstico de diversas infecções devido à sua alta sensibilidade, simplicidade de execução e rapidez (Guthmann et al., 2002). No caso da malária aviária, ensaios de ELISA que permitam a pesquisa de anticorpos antígeno-específicos de classes distintas podem representar um bom indicador da fase de infecção dos animais, ou seja, fase aguda com altos títulos de IgM e produção de IgG na fase de convalescença da doença. Para tanto, iremos utilizar anticorpos policlonais produzidos em camundongos em resposta a imunização com os fragmentos Fc de IgM e IgG de pinguim. Com este ensaio será possível, portanto sugerir exposição presente (altos títulos de IgM) ou passada (altos títulos de IgG) da ave ao plasmódio, em função da detecção do padrão de resposta imune humoral específica. Outra alternativa de ELISA para a determinação da malária aviária está fundamentada na utilização de anticorpos monoclonais específicos contra os fragmentos Fc de IgG e IgM de pinguim. A primeira técnica para obtenção de anticorpos homogêneos ou monoclonais de especificidade definida foi descrita por Georges Köhler e Cesar Milstein em 1975. A obtenção de anticorpos monoclonais baseia-se na fusão de um linfócito B produtor de anticorpo de especificidade única com células de mieloma, um tipo de tumor de linfócito B, não secretor de anticorpo e imortal. As células híbridas ou hibridomas podem ser mantidas in vitro indefinidamente e possuem a capacidade de secretar anticorpos com especificidade definida (monoclonais) em grandes quantidades independentemente do uso de animais. (AU)
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