Resumo
O câncer de bexiga representa uma das neoplasias de maior custo para os sistemas de saúde, devido à necessidade de acompanhamento clínico e citopatológico de rotina (citologia urinária e citoscopia) e às altas taxas de recorrência. Os protocolos quimioterápicos envolvem o uso de combinações de drogas como metrotrexato, vinblastina, doxurubicina e cisplatina (protocolo conhecido como MVAC), ou apenas a combinação de gencitabina e cisplatina. Na maioria dos casos, esses protocolos atuam induzindo alterações no DNA e eventos moleculares que resultam em modificações no ciclo celular, no sistema de reparo do DNA e no processo apoptótico. No entanto, a alta toxicidade desses protocolos tem estimulado a busca por tratamentos alternativos, especialmente pela identificação de compostos com potencial antineoplásico isolados de plantas. Nesse contexto, o isotiocianato de alila (AITC), composto encontrado na semente da mostarda e em vegetais crucíferos, tem atraído atenção, uma vez que foi identificado seu efeito sobre o ciclo celular e apoptose em alguns tipos de células tumorais, incluindo as de próstata e cólon. Na bexiga, a alta biodisponibilidade e rápida absorção, tornam o AITC um agente promissor para o tratamento do câncer urotelial. Entretanto, os resultados encontrados na literatura divergem sobre os possíveis mecanismos de ação deste composto. Estudos anteriores realizado em nosso laboratório mostraram que o AITC possui potencial genotóxico em diferentes linhagens de tumor de bexiga, induzindo parada do ciclo celular na fase G2 e apoptose. Assim, dando continuidade a investigação sobre o possível potencial antineoplásico do AITC, o presente estudo propõe avaliar, em células tumorais de bexiga (RT4 - tumor grau 1, com gene TP53 selvagem; e T24 - tumor grau 3 e TP53 mutado) in vitro, o perfil protéico (por espectrometria de massa) e a expressão dos genes envolvidos na apoptose (Bcl-2 e Bax), na regulação do ciclo celular (CDK-1) e no reparo de DNA (MSH2, CDK7, CCNH, NTHL1, OGG1, RAD51L1 entre outros) utilizando-se RT-PCR em tempo real e PCR-array. Espera-se que os resultados forneçam informações que contribuam para o direcionamento na busca por novos compostos antineoplásicos.
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