Resumo
O presente projeto se propõe a analisar os primeiros anos de vida do movimento socialista italiano (1871-1876) os quais se inserem, grosso modo, nas dinâmicas organizacionais da Federação Italiana da Associação Internacional dos Trabalhadores (1871-1880), que desde o início representou a fração antiautoritária do histórico organismo criado em Londres em 1864. Nossa pesquisa pretende reconstruir, a partir das figuras de três protagonistas fundamentais deste período - Carlo Cafiero (1846-1892), Andrea Costa (1851-1910) e Errico Malatesta (1853-1932) -, não apenas a paisagem social e política da época mas sobretudo descrever a parábola teórica realizada pelos três revolucionários italianos, através da qual se tornaram promotores, nas palavras e nos fatos, de uma original fórmula política conhecida como "comunismo anarquista". Para entender melhor quais elementos - teóricos, históricos, econômicos, políticos, sociais - contribuíram para essa elaboração, retraçaremos os primeiros passos do socialismo italiano, tanto nos escritos como nas ações, historicamente marcados por uma insatisfação pós-risorgimentale pela Unificação do país (1861) - que se mostrou incapaz de satisfazer as demandas de renovação das massas proletárias - e por uma forte influência no território nacional das figuras de Giuseppe Mazzini e Mikhail Bakunin. As vidas paralelas e as ideias dos nossos protagonistas, nos levarão através de problemáticas de ordem teórica e historiográfica de não pequena importância. Tais como: o processo de transformação ideológica do socialismo italiano, a relação entre marxismo e anarquismo, o conceito de revolução na Itália e seu vínculo com a tradição do Risorgimento, as relações cidade/campo e operário/camponês, a polêmica antiparlamentar e abstencionista. Todas questões que esta pesquisa pretende abordar e iluminar, apoiando-se também na datada e nem sempre esclarecedora literatura sobre o tema. (AU)
|