Resumo
A pesquisa "Classes sociais rurais, conflitos socio-territoriais e desenvolvimento rural no regime da acumulação por despossessão: estudo comparado em regiões camponesas de Brasil, Argentina e Colombia" tem por objetivo analisar a atualidade da vida e organização política camponesa, no marco do atual regime de acumulação e expansão capitalista, referido como acumulação por despossessão, que se caracteriza pelo "modelo extrativista" ligados a recursos naturais. Para os países da América do Sul, particularmente identificaram-se três formas em que se desenvolve: 1) desenvolvimento da produção do modelo orientado a agro-commodities, 2) de extração de minérios e projetos de energia, e 3) projetos imobiliários e/ou turísticos. Estas partes têm em comum: o aumento da participação do capital financeiro e/ou especulativo, principalmente transnacionais; processos desterritorialização camponesas nas formas de produção e de base nacional, com mudança no uso da terra e especulação sobre os preços da mesma; impactos ambientais negativos e, portanto, o aparecimento de conflitos sócio-territoriais. Adicionalmente, as políticas públicas setoriais têm atuado como as principais vias de implementação e expansão do atual regime nos territórios locais, promovendo a imposição do modelo e a conversão das comunidades camponesas para os supostos econômicos / produtivos e simbólicos do paradigma do "capitalismo agrário". As conseqüências da expansão das commodities são vividas mais intensamente nas regiões de estudo deste projeto, o Pontal do Paranapanema (Brasil), a Província de Córdoba (Argentina) e no Departamento de Caldas (Colômbia), onde se cruzam variáveis de produção como cana-de-açúcar, silvicultura, soja e gás metano, e múltiplas formas de tendência e especulação da terra. Os países e regiões de estudo apresentam diferentes graus de desenvolvimento do atual regime extrativista, bem como do peso social e político que constituem as comunidades rurais, e a trajetória da organização política camponesa, constituindo cenários testemunhas para identificar as vias gerais, como os elementos diferenciados da atual fase de acumulação capitalista. A pesquisa foi epistemologicamente localizada dentro de um quadro teórico, chamado histórico-crítica, em uma convergência de perspectiva disciplinar entre a sociologia, a economia e geografia a fim de dar coerência e ampliar o campo de visão e análise sobre a questão de pesquisa. Desenvolver pesquisas à luz dos princípios básicos que orientam os chamados métodos de triangulação de sociologia e antropologia, que envolve o uso de métodos múltiplos e variados, cuja associação tem um papel estratégico na construção do objeto da investigação. Para cada um dos ambientes de pesquisa mencionados (Brasil, Argentina e Colômbia), tem-se um cenário específico, que é o representante da dinâmica e sistemas sócio-econômicos e políticos. Isto se faz para manter o diálogo entre "local" e "global" como dimensões constituintes, transformadoras em si mesmas. Como parte das atividades específicas que serão desenvolvidas se estabelece a revisão bibliográfica e documental para a cada um dos países, além de outras fontes de informação primária como censos agropecuários, relatórios de planejamento e outras fontes, que permitirão registar os processos históricos de configuração da estrutura agrária e transformações dos sistemas produtivos agropecuários. A análise referida aos processos sócio-econômicos que se desenvolvem na zona realizar-se-á a partir da avaliação (ou análise) de informação através da utilização de procedimentos quali-quantitativos. A observação no campo e as entrevistas semi-estruturadas com informantes chaves selecionados entre dirigentes sociais e das comunidades, que permitam conhecer as transformações observadas nas esferas sociais e nas práticas produtivas. Por fim, os resultados mais relevantes serão publicados em revistas internacionais e apresentados em reuniões científicas. (AU)
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