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O símbolo da morte e a ironia em As Intermitências da Morte, de José Saramago e Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis

Processo: 13/25984-3
Modalidade de apoio:Bolsas no Brasil - Iniciação Científica
Vigência (Início): 01 de março de 2014
Vigência (Término): 31 de dezembro de 2015
Área do conhecimento:Linguística, Letras e Artes - Letras - Literatura Comparada
Pesquisador responsável:Marcia Valeria Zamboni Gobbi
Beneficiário:Ligia Carolina Franciscati da Silva
Instituição Sede: Faculdade de Ciências e Letras (FCL). Universidade Estadual Paulista (UNESP). Campus de Araraquara. Araraquara , SP, Brasil
Assunto(s):Ironia   Morte   Crítica literária
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:ironia | Machado | morte | representação | Saramago | Teoria da Literatura

Resumo

Esta pesquisa propõe a análise literária de dois romances: As Intermitências da Morte (2005), de José Saramago e Memórias Póstumas de Brás Cubas (1880), de Machado de Assis, com o intuito de focalizar a representação da morte perante a realidade humana e a ironia manifestada pelo narrador dos romances. A análise será desenvolvida de modo comparado traçando o conceito de representação desde a concepção de Aristóteles, até pesquisas mais recentes sobre o termo, como em Auerbach (2009), por exemplo. Quanto à figura do narrador, aplicaremos a proposta de Gérard Genette (19--), principalmente pela cisão que essa instância apresenta entre voz e modo narrativo, observando a construção de situações para levar o leitor à reflexão, por meio da ironia, sobre o comportamento do homem em sociedade e a efemeridade da vida, o conceito de ironia será estudado conforme a concepção de Muecke (1995). Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis cria o romance autobiográfico de Brás Cubas, narrador-personagem que, depois de morto, conta-nos suas experiências terrestres, assumindo a condição de defunto-autor. Por estar morto, o narrador assume uma posição atemporal, pois analisa sua vida e as questões existenciais e culturais que permeiam a experiência humana. Já em Intermitências da morte, ocorre a interrupção da morte e as pessoas acreditam que viverão eternamente. A partir dessa perspectiva, o narrador evidencia a posição dos homens em relação à política e o maior interesse pelo dinheiro, visto a preocupação com a continuidade dos seguros de vida, mesmo não havendo sentido para tal investimento, principalmente em relação àqueles que estavam em estado de "quase morte" e sofriam por isso. A capacidade crítica e a onisciência do narrador permitem grandes reflexões sobre a existência e situações em que a ironia é latente, não poupando a igreja, a sociedade e os indivíduos. Quanto à representação da morte, Saramago a modifica a progressivamente durante o romance e o narrador nos conta como ela vai assumindo um papel humano, deixando de ser apenas um esqueleto e tornando-se mulher e adquirindo sentimentos humanos, como a raiva e o amor. Para representá-la o autor volta-se para figura feminina, que pode ser simbolizada pelas Moiras, detentoras do fio da via, já que na obra a morte escreve cartas violetas as pessoas que morrerão, dando o prazo de oito dias para realizarem seus últimos desejos. Já em Machado, a representação se dá por meio da figura de Pandora, a mulher que possui todos os dons, inclusive o de findar com a vida humana, criada por Zeus. Outro aspecto importante é que em ambos os romances ocorre à superação do evento da morte. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, o personagem narrador já está em outro plano e estabelece contato com os humanos, a fim de contar sua vida com um novo olhar, já que superou a condição de mortal, enquanto, em As Intermitências da Morte, o violoncelista recebe uma das cartas violetas, determinando sua morte, porém tal fato não ocorre e a partir disso a morte se faz humana para resolvê-lo. A escolha dos romances de Machado de Assis e de José Saramago deu-se pela verificação de que os dois autores tratam dos temas da morte de maneira representativa, levando o leitor a refletir sobre questões sociais, como o valor da aparência ou do dinheiro, e sobre questões universais, como o medo da morte e sua relação com o próximo. Tais questões são percebidas por meio de atitudes provocativas do narrador, com pretensões de causar um desconforto ao leitor, realizando isso via ironia. Apesar de mais de um século separar a publicação dos romances, pretende-se reconhecer a forma como esses aspectos da configuração narrativa se manifestam e compará-los, considerando como se posicionam os narradores em relação à morte, como a ironia é manifestada neles e quais os elementos que os aproximam, ressaltando que a análise da ironia estará especificamente voltada à representação do tema da morte. (AU)

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