Resumo
Contribuições recentes têm mostrado que a retenção larval em populações de invertebrados marinhos costeiros é muito mais frequente do que o sugerido por modelos físicos de transporte. Sendo assim, processos que ocorrem à escala local, até às unidades de km, podem ser determinantes na estruturação e persistência dessas populações. Cracas são organismos dominantes na região do entre-marés de costões rochosos e, por serem filtradores, representam um elo importante de transferência energética entre o ambiente pelágico e o bentônico. Na região tropical, a disponibilidade de alimento na coluna de água pode limitar o desempenho de larvas e adultos, estes últimos ainda sujeitos a um estresse térmico, no limiar da tolerância, durante os meses de verão. Devido à limitação de espaço no entre-marés, as larvas precisam estocar reservas energéticas para que em seu estágio final, lecitotrófico, possam sondar uma área suficiente do substrato e selecionar um local adequado para o seu desenvolvimento até à fase adulta. É proposto neste projeto entender como a população bentônica interage com a variação ambiental para maximizar sua aptidão, em termos da produção de recrutas que possam chegar à fase adulta. Para tal são propostos três módulos de trabalho, com foco (i) na estratégia de alocação de recursos para maximizar o sucesso reprodutivo em condições contrastantes de suprimento alimentar e estresse térmico, (ii) nos efeitos da qualidade larval na seleção de substratos e no desempenho pós-assentamento e (iii) na relação entre o estado trófico da coluna de água e qualidade larval à mesoescala, a qual, conjuntamente com estimativas de fluxo genético, poderão indicar processos de isolamento ao longo de sua distribuição natural. Espera-se propor um modelo mais refinado de regulação do recrutamento de invertebrados marinhos tropicais com base nos resultados a obter.
|