Resumo
O discurso musical, entre o final do século XVI e início do XIX, era constituído por elementos retóricos, aliados à organização e a disposição fundamentados na eloquência e persuasão, consequentes de uma transmissão escolástica decorrida desde a Idade Média e no Renascimento, conferindo certo grau de excelência às músicas produzidas tanto na Europa como no Brasil. Tal processo é fruto de contextos histórico-sociais ocorridos desde a Antiguidade, relacionados às obras de tratadistas, pensadores e compositores formando, dessa forma, a base necessária para a concepção estrutural de uma música. Com o intento de compreender em qual caminho percorreu esses ensinamentos, a atual musicologia, iniciou inúmeras pesquisas as quais contribuem no desenvolvimento de novos meios analíticos, objetivados em clarificar a relação entre música e afeto. Apesar desse crescente interesse, no ambiente luso-brasileiro, os estudos sobre a retórica musical, ainda estão em fase inicial, entretanto, procurando desenvolver metodologias mais apropriadas para o entendimento de sua adequação e concepção sistemática, constituídas estruturalmente na música vigente do período investigado.Por essa razão, esse projeto tem como objetivo examinar os estudos incipientes da retórica na música colonial brasileira. Isto é, verificar a atual conjuntura na qual se encontram os mapeamentos dos modelos e especificidades dessas investigações. Além disso, averiguar esses processos e mecanismos nas obras de autores brasileiros, por exemplo, Manoel Dias de Oliveira, André da Silva Gomes, José Maurício Nunes Garcia, entre outros, utilizando-se das ferramentas analíticas necessárias à compreensão da linguagem retórica desses mestres da composição.
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