Resumo
A pesquisa pretende analisar a obra de forte inflexão biográfica - bem como política - do cineasta e documentarista brasileiro David Perlov (1930-2003), considerado o pioneiro do cinema moderno israelense. Para tanto, em meio à convergência entre teoria literária, teorias da imagem e psicanálise, investigaremos o contexto confessional e o "teor testemunhal da cultura" (Seligmann-Silva, 2003) na qual essa obra se insere, em cotejo com escrituras autobiográficas e ensaísticas nos âmbitos da literatura e do cinema, as quais engendram um heterogêneo e dialógico "espaço biográfico" (Arfuch, 2010). Diante da problematização do campo das escritas de si e de seu cruzamento com linguagem cinematográfica, testemunho, memória, crítica do sujeito e da dimensão confessional-testemunhal da cultura, o projeto tem como horizonte a investigação de modos políticos de enunciação e subjetivação, efetivados por meio dos diários cinematográficos de David Perlov. Nesses diários, como pretendemos discutir, a errância, o trauma, o exílio e a construção de uma "topografia poética do real" são figuras de uma enunciação subjetiva e de uma narrativa em trânsito constante, para as quais o deslocamento, não sendo apenas geográfico, faz a passagem da identidade à alteridade, do singular ao coletivo, do privado ao político. (AU)
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