Resumo
Cariniana estrellensis é uma das maiores e mais longevas árvores da Floresta Tropical Atlântica Brasileira. Esta espécie ocorre em baixa densidade populacional (< 1 árvore/ha), o que torna ainda mais preocupante o atual processo de fragmentação de seu habitat. O processo de fragmentação florestal e consequente redução do tamanho das populações podem imediatamente afetar o sistema de reprodução pelo aumento de cruzamentos correlacionados, resultando em maior parentesco nas gerações descendentes. Devido a esses fatores, C. estrellensis encontra-se em risco de extinção e estudos de fluxo de pólen e sementes, sistema de reprodução e estrutura genética espacial são fundamentais para entender os efeitos da fragmentação sobre populações naturais, gerando informações para o delineamento de corretas estratégias na conservação in situ e ex situ de suas populações. Os marcadores moleculares são ferramentas imprescindíveis no estudo dos processos contemporâneos de fluxo de pólen e sementes nos fragmentos florestais. Nesse contexto, a presente pesquisa objetiva investigar a taxa de isolamento genético ou taxa de imigração de pólen e sementes, a distância e os padrões de dispersão de pólen e sementes, a estrutura genética espacial intra-populacional, a diversidade genética, os níveis de endogamia e o tamanho efetivo em diferentes fases ontogênicas (adultos, sementes e plântulas), bem como a depressão por endogamia de uma população pequena e fragmentada de C. estrellensis, localizada na Estação Ecológica de Ibicatu, Estado de São Paulo. As árvores adultas serão mensuradas (diâmetro à altura do peito), georreferenciadas com auxílio de um GPS e terão tecidos amostrados (câmbio ou folhas). Indivíduos regenerantes serão também mensurados (altura), georreferenciados e terão tecidos foliares amostrados. Esta última amostra será utilizada para o estudo da dispersão realizada de pólen e sementes. Além disso, sementes de polinização aberta serão coletadas de 15 das 26 árvores existentes no fragmento em dois eventos reprodutivos consecutivos. A amostragem das sementes será hierárquica entre e dentro de frutos. De cada árvore serão genotipadas 40 sementes, sendo estas obtidas de 8 frutos (5 sementes por frutos). Assim, no total serão genotipadas 600 sementes por evento reprodutivo, totalizando 1.200 sementes. Logicamente serão coletados muitos mais frutos e sementes por árvore. A amostra de sementes será utilizada para o estudo da dispersão efetiva de pólen, análise do sistema de reprodução e depressão por endogamia. A depressão por endogamia será investigada na fase de germinação das sementes e no campo, pois tais sementes serão utilizadas para implantar um pequeno teste de progênies. As árvores adultas, os regenerantes e as sementes serão analisados por oito locos microssatélites. O estudo vai gerar informações valiosas para o manejo das populações naturais fragmentadas da espécie, contribuindo em programas de melhoramento e conservação genética para recuperação ambiental. (AU)
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