Resumo
Em fins da década de 1950, György Lukács (1885-1971) propôs um renascimento do marxismo que fizesse frente tanto aos desenvolvimentos neopositivistas e ao existencialismo quanto às deformações teóricas empregadas pela manipulação stalinista. Mesmo sem conseguir concluir suas investigações nos legou uma rica leitura ontológica de Marx. No centro desta perspectiva encontramos o trabalho enquanto elemento fundante do ser social e modelo da práxis. Na exploração deste complexo, por sua vez, Lukács apresenta-nos sua concepção de valoração no ser social, entendendo-a a partir de uma intricada e dinâmica relação entre teleologia e causalidade concebida a partir de uma perspectiva radicalmente histórica, imanente, unitária e objetiva dos valores, que não abdica, todavia, de uma reflexão sobre o papel ativo da consciência na malha causal do real. A análise do filósofo húngaro centra-se no desdobramento e conexão das distintas formas de valoração, em especial as do valor de uso, valor econômico e na gama de valores "não mais econômicos". É esta concepção de valoração que este projeto toma como objeto, avançando a hipótese de que a concepção lukácsiana é fecunda para interpretação dos valores no interior do ser social, em especial do valor econômico, uma vez que empreende uma compreensão dialética da objetividade e da subjetividade no plano das valorações, procurando distanciar-se das concepções que ou obliteram o papel da consciência na reprodução do ser social ou a hipertrofiam. Todavia, no que tange o valor econômico, Lukács extrapola a compreensão da teoria do valor trabalho de Marx, aplicando-a as mais diversas formações sociais. Isto compromete também, a nosso ver, sua perspectiva de emancipação humana. (AU)
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