Resumo
A micose profunda denominada paracoccidioidomicose (PCM) é causada pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis, que apresenta dimorfismo termo-dependente. O estabelecimento da doença no homem é marcado pela transformação do fungo da forma miceliana (infectante) para a forma de levedura (patogênica). A geração de resposta de perfil Th1, mediada por IL-12, é requerida para o desenvolvimento de imunidade protetora contra a PCM. No modelo da PCM experimental, a administração profilática ou terapêutica da lectina ArtinM direciona a imunidade para o perfil Th1 e, assim, confere resistência a PCM. Tal atividade imunomoduladora de ArtinM também induz proteção contra outros patógenos intracelulares, como Leishmania amazonensis, Leishmania major, Neospora caninum e Candida albicans. A lectina ArtinM, extraída de sementes de Artocarpus heterophyllus exerce atividades biológicas pleiottrópicas: ativa neutrófilos, promove a desgranulação de mastócitos, induz a produção de IL-12 em células apresentadoras de antígeno (APCs), ativa células esplênicas e células T CD4+. Essas atividades resultam em um padrão de resposta imune adequada para o combate de patógenos intracelulares. Com intuito de investigar a contribuição dada pelos linfócitos ativados por ArtinM à proteção conferida pela lectina, propomo-nos a investigar a capacidade das células esplênicas ou linfócitos T CD4+, após estímulo ex vivo com ArtinM, em controlar a PCM experimental. Para tanto procedemos a transferência a transferência adotiva e avaliaremos o efeito desse procedimento no curso da doença. Para isso, camundongos BALB/c serão infectados com P. brasiliensis (1x106 leveduras/animal). Dez dias após a infecção esses camundongos receberão células esplênicas ou células T CD4+ obtidas de camundongos BALB/c e que foram estimuladas ex vivo com ArtinM (625ng/mL) por 24 horas antes da transferência adotiva. Ao final de 30 dias de infecção os animais serão sacrificados, coletando-se sangue e órgãos (baço, fígado e pulmão). Serão determinados os níveis séricos de citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias. As mesmas citocinas serão quantificadas no extrato dos órgãos coletados. Esses órgãos também serão analisados por histopatologia, quantificando a frequência e extensão dos granulomas. Além disso, serão submetidos a análise de carga fúngica. Os resultados serão comparados com os verificados em animais infectados que foram submetidos à transferência adotiva de células esplênicas ou linfócitos T CD4+ não estimulados com ArtinM, ou seja, incubados apenas com meio.
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