Resumo
A demência na doença de Alzheimer (DDA) é uma doença neurodegenerativa que afeta a cognição, o comportamento e a independência funcional do indivíduo. Tem elevada incidência e prevalência, sendo um crescente problema de saúde pública. O desenvolvimento de DDA esporádica apresenta como principal fator de risco genético a presença do alelo epsilon-4 do gene da Apolipoproteína E (APOE). A principal hipótese para entender a interação entre as isoformas de APOE e a DDA é que estas interagem com o metabolismo da proteína beta-amiloide (BA). O peptídeo BA tem sido apontado, então, como uma das peças-chave para desencadear os eventos fisiopatológicos na DDA. Este BA pode, ainda, depositar-se no espaço intravascular, caracterizando a angiopatia amiloide cerebral (AAC), uma das principais causas de microssangramentos lobares. A maioria dos casos de AAC apresenta conjuntamente a ocorrência de placas neuríticas (PNs), ambos resultantes do acúmulo de BA no cérebro. Desse modo, microssangramentos associados a AAC possivelmente possam vir a ser relevantes indicadores da presença de PNs, característica da fisiopatologia da DDA. Põe-se em questão, portanto, a possível associação na DDA e comprometimento cognitivo leve amnéstico (CCLa - condição que apresenta risco elevado de conversão para DDA) entre: a ocorrência de microssangramentos lobares, os níveis de BA liquóricos e a presença do alelo APOE epsilon-4. Neste estudo, pretendemos verificar as hipóteses de que: 1) estes fatores (a ocorrência de microssangramentos lobares, os níveis de ²A liquóricos, e a presença do alelo APOE µ4)estão inter-relacionados na DDA e CCLa; 2) a quantidade de microssangramentos lobares na DDA e CCLa sejam inversamente proporcionais à quantidade de BA liquórico, sobretudo em pacientes com a presença do alelo epsilon-4 do gene da APOE; 3) se a quantidade de microssangramentos lobares é capaz de diferenciar pacientes com DDA leve, CCLa e idosos normais. Para tal, serão selecionados 90 sujeitos: 30 idosos normais, 30 pacientes com DDA leve e 30 com CCLa pareados por sexo, idade e fatores de risco cardiovasculares (hipertensão arterial sistêmica, diabetes, dislipidemia, tabagismo). Todos os sujeitos serão submetidos à avaliação neuropsicológica, coleta de líquor, sangue e protocolo de Ressonância Magnética de crânio de 3 Tesla para avaliação dos microssangramentos. (AU)
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