Resumo
Este projeto propõe um estudo sobre a Feira da Madrugada, um espaço de comércio popular no centro de São Paulo com elevada diversidade sociocultural, além de um fragmento de um circuito global de bens e pessoas. A proposta é animada por um problema pouco explorado nos estudos sociais sobre mercados: quais são as relações recíprocas entre a constituição de mercados e os projetos identitários. Sustento como hipótese que essas relações são mediadas pelas disputas e negociações sobre as categorias com que são qualificadas as atividades mercantis, os bens e seus agentes. Em meio a essas negociações, os atores podem recriar suas próprias qualificações e trabalhar suas identidades. Acredito que transações envolvendo bens e dinheiro sintetizam um feixe de relações - materiais, culturais, políticas e sociais - que lhes estrutura, anima e dá sentido, subordinando-as a projetos não puramente materiais, incluindo redefinições identitárias. A pesquisa tem por objetivos (i) reconstruir a rede de atores, representações e dispositivos por trás das trocas que têm lugar nesse espaço, (ii) acompanhar as negociações em que atores procuram imprimir determinadas qualificações ao espaço, atividades, bens e a si próprios, assim como (iii) recuperar as trajetórias daqueles que decidem empreender nesse espaço, os comerciantes e os compradores que revendem os bens. Para bem mapear as representações e dispositivos em circulação sobre o espaço, bem como o feixe de relações e interações desses agentes, lançarei mão de um conjunto de métodos: pesquisa documental e bibliográfica, entrevistas com os atores responsáveis pelos dispositivos e representações sobre a Feira, bem como com atores selecionados sobre suas trajetórias de vida e, por fim, observação participante das dinâmicas, caminhos e negociações dos atores. (AU)
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