Resumo
Quando introduzidas no ambiente, as nanopartículas (NPs) manufaturadas são cobertas por moléculas bióticas e abióticas, dando origem a uma NP transformada geralmente revestida por essas moléculas (revestimento natural). Estas são novas formas das NPs que devem ser consideradas como novos materiais por apresentarem propriedades diferentes. De fato, esta transformação in situ da NP, tem impactos determinantes nos efeitos toxicológicos das NPs, podendo, assim, servir como predições de risco adicionais que ainda não foram explorados. O presente projeto tem por objetivo determinar, compreender e prever o impacto das moléculas naturais nas transformações de NPs de Ag, largamente utilizadas como agentes antibacterianos, e os seus efeitos nos ecossistemas. Apesar do crescente interesse e uso de NPs, pouco se sabe sobre as consequências ambientais da sua aplicação, pois a maioria dos estudos não considera o efeito da presença dos revestimentos naturais em torno das partículas, e muitas vezes nem sequer as consequências da presença de revestimentos manufaturados. Geralmente, os fabricantes de NPs adicionam revestimentos para melhorar a sua mobilidade e para as estabilizar em termos de tamanho. Apesar dos possíveis efeitos destes revestimentos manufaturados no comportamento das NPs possam incluir interações complexas afetando as suas propriedades físico-químicas e consequentemente o seu destino e toxicidade, a maioria destas interações não foram ainda estudadas sistematicamente. Neste sentido, para superar as incertezas atuais sobre a segurança ambiental de NPs com revestimentos manufaturados, e explorar o impacto das moléculas naturais, os objetivos do projeto são: i) caracterização detalhada das NPs de Ag com revestimentos manufaturados na ausência e presença de moléculas naturais, incluindo substâncias húmicas (HS) e substâncias poliméricas extracelulares (EPS), ii) determinação dos efeitos biocompatíveis ou bioadversos das NPs transformadas sobre a alga Pseudokirchneriella subcapitata e o microcrustáceo Ceriodaphnia dubia, iii) identificação das assinaturas chave dos revestimentos manufaturados juntamente com as moléculas naturais que afetam o destino e a biocompatibilidade das NPs, e iv) avaliação da transferência das NPs transformadas na cadeia alimentar alga-microcrustáceo. Assim, este projeto visa introduzir de maneira inédita, uma avaliação padronizada e reforçada da nanoecotoxicologia de modo a aumentar a competitividade e segurança dos produtos nanoestruturados. (AU)
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