Resumo
O Brasil apresenta destaque na produção mundial de eucalipto, sendo considerado o maior produtor desta essência florestal. Contudo, para manter elevados índices de produtividade, os plantios de eucalipto demandam uma elevada aplicação de fertilizantes nitrogenados no solo. Assim, plantios monoespecíficos podem empobrecer o solo em N com o decorrer do ciclo produtivo. Desta forma, plantios mistos entre eucaliptos e árvores de acácia têm sido implantados visando maximizar a produtividade dos povoamentos de eucalipto. O interesse pela acácia se dá, principalmente, pela associação de suas raízes com bactérias muito eficientes em fixar o N atmosférico, processo que pode atingir valores maiores que 300 kg ha-1 de N fixados por ano. Por se tratar de um sistema florestal relativamente novo implantado em condições de solos tropicais, são raros os estudos que avaliaram a dinâmica da comunidade microbiana nesses sistemas, principalmente como a composição de espécies pode influenciar o microbioma do solo e como se comporta a genômica da ciclagem do N nesse agroecossistema. Pelo fato da inserção de N no solo ser um dos fatores de maior benefício desta integração entre eucaliptos e acácias, o objetivo geral deste trabalho é entender a diversidade taxonômica e funcional do microbioma do solo associado à ciclagem do nitrogênio em uma primeira rotação de florestas puras e mistas de Eucalyptus urograndis e Acacia mangium. Nós acreditamos que plantas de A. mangium possam ser importantes no processo de modificação da comunidade microbiana do solo em plantios mistos com eucalipto, devido a transferência e a constante inserção de N no solo via fixação biológica de N. Aliado a isto, há uma carência sobre informações no que diz respeito ao papel de genes funcionais microbianos e sua principal interveniente no ciclo de N em solos de florestas tropicais. Estudos que avaliam genes funcionais in situ nos ajudarão a compreender os ciclos biogeoquímicos desempenhados pelo microbioma do solo de plantações mistas, dando bases para inferir acerca de como o manejo florestal pode influenciar possíveis vias metabólicas que estejam ocorrendo no solo, preenchendo lacunas do conhecimento científico e prático, como um melhor entendimento do ciclo do N. Desta forma, teremos fundamentação para incorporar o conhecimento da dinâmica das comunidades microbianas do solo em modelos biogeoquímicos, melhorar a gestão do solo, mitigar perdas e melhorar a eficiência de aplicação de N no solo das plantações florestais, mistas ou não.
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