Resumo
Nos séculos XIV e XV, no reino de Castela, as normas que regiam o clero, regular ou religioso, prescreviam que este aparecesse, junto à sociedade, como um exemplo a ser seguido por aqueles que quisessem levar uma vida virtuosa. Nessa altura, a condução das práticas sacerdotais, a ordenação das condutas dos eclesiásticos e fiéis e a produção de documentos próprios à correção dos desvios clericais passaram a ser consideradas decisivas, de forma que a oralidade e a escrita, bem como o direito canônico e as reflexões sobre os sacramentos tornaram-se peças fundamentais nessas iniciativas para regular as condutas do clero visando em última instância os fiéis. Nesta pesquisa, apenas os primeiros tratados em língua vernácula castelhana direcionados à moralização do chamado clero rude - aquele considerado como minguado de ciência e alheio aos cânones da Santa Igreja - serão objeto de análise, pois estes concentram normas, prescrições e conselhos quanto aos modos com os quais os clérigos deveriam se guiar para poder guiar os confessos. A partir desses tratados, interrogaremos sobre os elementos e vocabulário que confluem na elaboração de uma imagem exemplar do clero, com ênfase nas ações negativas destacadas por teólogos e canonistas na sistematização de modelos virtuosos. O ponto central da pesquisa, em suma, são as iniciativas escritas destinadas a apontar as falhas e os pecados do baixo clero confessor castelhano nos séculos XIV e XV e aconselhar condutas virtuosas para estes com quem os fieis tinham contato mais direto e cuja atuação pareceu, portanto, decisiva para conduzi-los.
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