Resumo
A leishmaniose é causada por mais de 20 espécies de protozoários do gênero Leishmania responsáveis por um amplo espectro de doenças distribuídas por todo o mundo. Devido à sua alta incidência e mortalidade, a leishmaniose visceral é considerada pela Organização Mundial da Saúde como uma das principais doenças da atualidade. A quimioterapia das leishmanioses depende de um limitado número de fármacos disponíveis, incluindo antimoniais pentavalentes, anfotericina B, pentamidina e miltefosina, os quais apresentam importantes limitações como baixa eficácia, administração parenteral obrigatória na maioria dos casos, baixa tolerabilidade, alto custo, além de falhas terapêuticas muitas vezes relacionadas a parasitas resistentes. Desta forma, a necessidade do desenvolvimento de novas alternativas e estratégias quimioterápicas para o controle da leishmaniose se torna evidente. Os modelos para triagem de fármacos ativos contra Leishmania in vitro e in vivo são limitados em número e alcance, sendo muitas vezes caros e laboriosos, sem mencionar a presente preocupação ética sobre o bem-estar animal. Além disso, os modelos experimentais atuais são baseados principalmente em modelos animais, que podem mostrar-se inadequados quando se tenta transferir os achados para humanos. Consequentemente, novas tecnologias para predizer a eficácia e toxicidade de candidatos a fármacos em humanos durante estágios pré-clínicos são necessárias. O advento da tecnologia de organs-on-a-chip tem possibilitado a geração de réplicas relevantes de modelos de doenças humanas em que a eficácia e metabolismo de fármacos, assim como sua interação com diferentes órgãos, podem ser determinados simultaneamente. Este projeto tem o objetivo de desenvolver um dispositivo tipo organs-on-a-chip capaz de simular infecções humanas por Leishmania chagasi, com a finalidade de se testar a eficácia, toxicidade e metabolismo de candidatos a fármacos leishmanicidas. (AU)
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