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Psicologia e concepção de pessoa como questões estéticas da primeira versão de 'Quincas Borba'

Processo: 16/20407-6
Modalidade de apoio:Bolsas no Exterior - Estágio de Pesquisa - Mestrado
Data de Início da vigência: 15 de janeiro de 2017
Data de Término da vigência: 14 de junho de 2017
Área de conhecimento:Linguística, Letras e Artes - Letras - Literatura Brasileira
Pesquisador responsável:Jefferson Cano
Beneficiário:Janaína Tatim
Supervisor: Kenneth David Jackson
Instituição Sede: Instituto de Estudos da Linguagem (IEL). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Campinas , SP, Brasil
Instituição Anfitriã: Yale University, Estados Unidos  
Vinculado à bolsa:15/12780-6 - Psicologia e concepção de pessoa como questões estéticas da primeira versão de Quincas Borba, BP.MS
Assunto(s):Psicologia
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Eduard von Hartmann | Machado de Assis | Psicologia | Quincas Borba | Historiografia literária

Resumo

Esse projeto visa à obtenção de uma Bolsa de Estágio de Pesquisa no Exterior, a se realizar na Universidade de Yale, sob a supervisão do Prof. PhD Kenneth David Jackson, para o período de 15 de Janeiro a 15 de Junho de 2017. Demonstrarei a necessidade da obtenção dessa bolsa para o desenvolvimento do projeto de pesquisa em andamento, bem como para minha formação e qualificação enquanto pesquisadora, internacionalização da pesquisa realizada no Brasil e troca de experiência acadêmica. O projeto aborda a primeira versão do Quincas Borba, fatura que corresponde ao mais longo processo de publicação de um romance de Machado de Assis, que se estendeu pelas páginas da Estação, entre 1886 e 1891. A tendência da crítica até o momento é a de abordar essa versão com uma finalidade comparativa em relação àquela em livro, interesse justificado e profícuo. Contudo, esse gesto da crítica tem negligenciado uma abordagem vertical da riqueza apresenta pelos entrechos únicos da primeira versão, sobretudo em termos estéticos e de questões de primeira ordem da romanesca machadiana. Tomo essa versão como documento privilegiado sobre o processo de escrita do romance machadiano, de um momento singular em que, através do romance, elaborava-se uma resposta a um horizonte de debate externo e histórico. As diversas instâncias técnicas do Quincas Borba são indiciárias do investimento de Machado na psicologia como uma fonte estética, pois estão eivadas por aspectos da psique humana. Esse investimento seria ainda reverberação de questões expostas na crítica de Machado de Assis ao romance O primo Basílio, de Eça de Queiros. À época, Machado repudiou a abordagem das personagens orientada pela "doutrina realista". Na base de sua crítica estava a noção de que a concepção das personagens deveria se fundamentar na lógica necessária das ações advindas de seus conflitos morais, ou seja, na construção de uma verossimilhança interna sustentada pela envergadura da constituição moral das personagens, em conflito com o outro e o mundo. A poética do Realismo, na visão do escritor brasileiro, ao contrário, parecia relegar as personagens a uma representação reificada e, por vezes, mesmo animalizada. Com ela, as pessoas de ficção eram como títeres movidas pelos cordéis do autor para demonstrar preconceitos amparados no pretenso discurso científico da época, como animais determinados por instintos, pela raça e pelo meio. Machado de Assis, no entanto, não refutava os discursos ditos científicos de modo estreito ou apático. Ao contrário, o espólio de sua biblioteca pessoal atesta a atenção dado pelo escritor a essas obras que, mais que descritivas, formavam uma visão de mundo. Em especial, diversos dos volumes indiciam seu interesse em obras que abordavam a psicologia do ponto de vista da ciência, as quais podem ter funcionado como uma fonte de sua investida em aspectos psicológicos. Em Quincas Borba, Machado faz um escrutínio das tramas de um intrincado jogo de interesses amorosos e financeiros, de modo que a dimensão subjetiva e intersubjetiva que sustenta essa trama se torna um aspecto estruturante. Assim, a pesquisa pretende demonstrar como subjaz à primeira versão desse romance a tarefa de reelaboração de questões expostas naquele debate literário, por meio da análise das formas de inscrição da psicologia humana no romance. Esta versão do romance se torna assim um documento do processo de formação da consciência crítica que Machado de Assis propunha diante dos discursos correntes em sua época, que buscavam explicar o mundo e a ação humana sob a égide das nascentes ciências modernas. Essa consciência crítica diz respeito igualmente a sua observação acurada das mudanças nas formas de subjetivação socialmente compartilhadas no Brasil, sobretudo a observação das tensões da subjetivação sob a forma do indivíduo - no caso do Quincas, especialmente, em função da mimese do processo de modernização de uma sociedade escravista e ao mesmo tempo da capitalização das relações. (AU)

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