Resumo
Desde o ano de 2004, fast fashions e grifes de luxo se unem na criação de coleções colaborativas de roupas. As grifes de luxo criam, sob um nome de prestígio, peças exclusivas que possuem qualidade e perfeição como elementos essenciais. Já fast fashion é um modo de produção rápido e massificado, que reproduz modelos criados pelas grifes, de baixa qualidade e preço, voltado às camadas populares. Nas coleções colaborativas, as peças possuem a assinatura da grife, mas são produzidas e vendidas por fast fashions. Supõe-se que no campo da moda prevalece uma hierarquia das marcas de acordo com seus modos de produção, difusão e venda, na qual as grifes ocupam uma posição superior e as fast fashions uma posição inferior. Considerando essa suposição e o discurso de que as parcerias possibilitam um maior acesso à grifes de luxo por parte das camadas populares, investigaremos como uma marca de alto capital simbólico no campo, a grife, adequa seu conceito para a venda de produtos com sua assinatura em fast fashions e o que motiva essa parceria. Temos a hipótese de que as colaborações provocam um reposicionamento da grife e da fast fashion no campo da moda, fazendo emergir novos discursos, gostos e crenças. Para trabalharmos com essa hipótese estudaremos as parcerias realizadas com H&M e Riachuelo, fast fashions que vem se estabelecendo em endereços de comércio de luxo e semanas de moda. A metodologia consistirá em (i) análise documental das fast fashions, grifes e suas parcerias; (ii) revisão bibliográfica, principalmente das obras de Pierre Bourdieu, a respeito da produção do gosto, das relações de dominação e poder simbólico; e (iii) realização de entrevistas com os envolvidos na produção das coleções. (AU)
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