Resumo
O protozoário flagelado Trypanosoma cruzi é o agente etiológico da doença de Chagas, de grande relevância na América Latina. No ciclo de vida heteroxeno, T. cruzi alterna entre estágios evolutivos que apresentam diferenças bioquímicas e morfológicas: as formas replicativas epimastigotas (hospedeiro invertebrado) e amastigotas (hospedeiro mamífero) e as formas infectivas tripomastigotas metacíclicos, sanguíneos e amastigotas extracelulares. Sabe-se que processos patológicos, como infecções bacterianas, virais e parasitárias são capazes de promover estresse oxidativo, gerado pelo aumento de produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) na célula hospedeira, cujo resultado pode ser danoso para as células do hospedeiro ou mesmo para o patógeno. Os principais alvos de ROS, em células eucarióticas, incluem DNA, lipídeos, proteínas e açúcares. Entretanto, a formação de dano no DNA pode resultar na morte celular, e como defesa, muitas estratégias de reparo de lesões no DNA foram desenvolvidas pelas células. A via principal descrita no reparo de bases oxidadas é o reparo por excisão de bases (BER). No entanto, muitos pesquisadores associam a participação de mais de uma via de reparo de DNA na correção desse tipo de lesões, como por exemplo, a via de reparo por excisão de nucleotídeos (NER). Sabe-se que em resposta à presença de T. cruzi, células hospedeiras produzem diversas ROS (O2.-, H2O2, ONOO-). Já foi evidenciado que ROS produzidas durante infecção por T. cruzi causam lesões do tipo 8-oxoguanina (8-oxoG) e quebras no DNA que sinalizam a ativação de poli-adenosina-ribose polimerase 1 (PARP-1). Neste projeto pretendemos caracterizar o envolvimento do estresse oxidativo causado pela infecção por T. cruzi na formação de dano no material genético e no metabolismo do DNA da célula hospedeira. A expectativa é que lesões sejam geradas no genoma celular durante o processo de infecção e que essas lesões tenham impacto no ciclo de vida do parasita. Assim, acreditamos que o estudo dos tipos de lesão e vias de reparo do DNA em células hospedeiras infectadas podem ajudar a elucidar o mecanismo de sobrevivência e disseminação de T. cruzi pelo organismo. (AU)
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