Resumo
Os tumores que acometem o sistema nervoso central (SNC) correspondem a cerca de 2% de todos os tipos malignos descritos, no entanto, devido a elevada taxa de mortalidade, constituem um importante problema de saúde pública. Dentre os tumores de SNC, os gliomas são responsáveis por cerca de 70% deles, que podem ser divididos em distintos graus de malignidade. Os astrocitomas de grau IV, ou glioblastomas (GBM), correspondem a 50% dos casos e podem manifestar-se em qualquer idade, mas sobretudo adultos. A opção de tratamento padrão para os glioblastomas consiste em ressecção cirúrgica ampla, ou parcial seguida de um regime combinado de radioterapia e quimioterapia adjuvante, principalmente com a temozolamida (TMZ). Apesar do avanço terapêutico, a maioria dos casos continuam incuráveis e a ineficiência dos resultados clínicos deve-se principalmente a elevada capacidade infiltrativa desse tipo tumoral, assim como a resistência intrínseca aos fármacos utilizados. GBMs são tumores muito heterogêneos do ponto de vista molecular e apresentam diversas alterações, dentre elas, a deleção da região 9p21, onde está localizado o gene supressor tumoral, MTAP (Methylthioadenosine phosphorylase), que atua na via de poliaminas e na reciclagem de adenina e metionina. A falta desta proteína pode ser utilizada como uma nova estratégia de tratamento para glioblastomas, utilizando-se fármacos que atuem na via da síntese de novo de purinas. Neste contexto, a avaliação dos efeitos funcionais da perda de expressão de MTAP em linhagens celulares de GBM, assim como a busca por novas abordagens terapêuticas, como a combinação de inibidores específicos da via de síntese de novo, juntamente ao efeito da adição de moléculas adjuvantes, se mostra potencialmente importante e pode constituir um grande auxílio no conhecimento e desenvolvimento de novas linhas de tratamento para pacientes acometidos por esta doença fatal. (AU)
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