Regime visual e representação da periferia no evento-imagem de Favela Naval (1997)

• Processo: 17/02489-8
• Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Pós-Doutorado
• Vigência (Início): 01 de julho de 2017
• Vigência (Término): 10 de janeiro de 2018
• Área do conhecimento: Ciências Humanas - História - História do Brasil
• Pesquisador responsável: Marcos Francisco Napolitano de Eugenio
• Beneficiário: Felipe da Silva Polydoro
• Instituição Sede: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Universidade de São Paulo (USP). São Paulo , SP, Brasil
• Assunto(s): Telejornalismo Violência policial
• Palavra(s)-Chave do Pesquisador: história do audiovisual | Jornalismo policial | Representação da Periferia | Telejornalismo | Violência Policial | visualidade | História e Audiovisual

Resumo

Na sua edição de 31 de março de 1997, o Jornal Nacional (Rede Globo) veiculou uma série de reportagens que evidenciavam abusos de policiais militares contra moradores da Favela Naval, em Diadema (SP). As denúncias tinham como fonte uma filmagem amadora produzida por iniciativa de um cinegrafista independente em colaboração com moradores da região. De grande repercussão, o escândalo desencadeou consequências políticas e institucionais diretas, entre elas: a regulamentação do crime de tortura pelo Congresso, a confecção de uma PEC voltada à desmilitarização da polícia e a criação de uma CPI na Assembleia Legislativa paulista. A proposta desta pesquisa é analisar o episódio de Favela Naval com ênfase na relação entre visualidade e impacto público. Nossa hipótese é de que um dos fatores a amplificar a repercussão foi o modo como a denúncia ganhou visibilidade no espaço público - um material amador ainda raro, intensificado no realismo e no estatuto de evidência, cujo lugar de enunciação remete a sujeitos excluídos politicamente. Trata-se de um dos marcos, no Brasil, de um novo modo de intervenção dos cidadãos nas mídias, marcado pela participação e colaboração direta na produção, abrindo espaço para renovados modos de ação política e de disputa discursiva. O adensamento da análise envolverá o exame das rupturas e continuidades entre o episódio de Favela Naval e as formas de visibilidade e representação das periferias brasileiras que emergem nos anos 90 no telejornalismo, além das influências em produtos audiovisuais posteriores. Buscaremos ainda vincular a dimensão imagética às experiências imediatas dos agentes e comunidades envolvidos no acontecimento e à persistência, expressa no episódio, de uma lógica de segurança pública e um modo de operação policial autoritário legados pelo regime militar.