Resumo
O treinamento de força (TF) é amplamente recomendado para prevenir ou atenuar a obesidade, diabetes tipo 2 e outras comorbidades, evitando a morte prematura. No entanto, vários aspectos envolvidos no TF e os mecanismos que são afetados com cada sessão de TF durante várias semanas não são bem compreendidos, o que impede uma prescrição de TF que possibilite fornecer um estímulo para promover contínuos e otimizados ganhos de força e massa muscular (i.e., hipertrofia muscular) em humanos. Nosso grupo tem investigado com êxito (financiamentos FAPESP) alguns dos mecanismos envolvidos na hipertrofia induzida por TF, tais como a relação entre a síntese integrada de proteínas miofibrilares após sessão de TF, o dano e hipertrofia muscular em diferentes fases do TF em homens jovens. Na presente proposta, buscamos progredir e continuar a compreensão dos mecanismos envolvidos no TF visando uma prescrição que forneça os melhores estímulos para a promoção da saúde humana e melhorar o desempenho. Nesse sentido, um dos aspectos mais importantes do TF que está longe de ser compreendido é como fornecer um estímulo adequado do TF para maximizar a hipertrofia muscular induzida por TF individualmente, uma vez que a variabilidade biológica humana de resposta ao TF é ampla. Portanto, uma importante pergunta ainda sem resposta é: é importante manipular variáveis do TF (e.g., intensidade, número de séries, repetições, tipo de contração, pausa entre séries) quando este é realizado até a falha muscular; ou a falha é realmente suficiente para maximizar os ganhos independentes de outras modulações do TF e a capacidade individual de se adaptar é a chave para compreender a variabilidade na hipertrofia muscular? Isso permitiria inferir se a magnitude do ganho de massa muscular é dependente do tipo estímulo do TF ou esse ganho está relacionado a capacidade biológica do indivíduo, independente do tipo de estímulo do TF quando este é realizado até a falha muscular. Os objetivos do presente estudo são: 1) entender se o TF realizado até a falha muscular é suficiente para promover uma resposta hipertrófica maximizada intra-indivíduo, ou se manipulações nas variáveis do TF produzem um efeito maior na hipertrofia muscular do que uma progressão individualizada do volume de TF quando todos os treinos são realizadas até a falha muscular; 2) se diferenças inter-indivíduos na responsividade ao TF (em comparação à modulação de variáveis do TF) poderiam explicar a variabilidade na hipertrofia muscular; e 3) se variabilidade biológica individual humana pode ser explicada por mecanismos sugeridos anteriormente, como alterações na quantidade de células satélite, quantidade de mionúcleos e na expressão gênica. Para isso, propomos 10 semanas de TF unilateral (2·semana-1) em homens jovens treinados para analisar a responsividade individual biológica frente à diferentes paradigmas de TF até a falha muscular (progressão individual do TF (IRT) - perna 1; TF aleatório (RRT) - perna 2). O IRT servirá como um controle interno, pois baseia-se na capacidade individual de progredir o TF até a falha muscular. Este será comparado intra-indivíduo com a perna RRT, que irá realizar aleatoriamente diferentes tipos de TF também até a falha muscular, porém variando intensidade, número de séries, tipo de TF (exercício excêntrico) e pausa entre séries. Nossa hipótese é que quando o TF é projetado para permitir 'real' fadiga de fibras musculares, as respostas hipertróficas intra-indivíduo são maximizadas, independente de manipulações de variáveis do TF. Em adição, a individualidade biológica explicará a variabilidade na hipertrofia muscular decorrente do TF entre os indivíduos. Isso será explicado pelo número de células satélites e mionúcleos, e a expressão gênica diferencialmente modulados em alto e baixos respondedores (i.e., os indivíduos que apresentarem maior e menor hipertrofia muscular), independentemente do tipo de TF até a falha muscular realizado.
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