Resumo
A endometriose é uma inflamação crônica que representa uma das doenças ginecológicas mais comuns, estrogênio-dependente, caracterizada pelo crescimento e desenvolvimento de estroma e glândulas endometriais fora da cavidade uterina, implantando-se em tecidos e órgãos como as trompas, ovários, peritônio, cólon, a região retovaginal e bexiga, podendo causar dor pélvica, dismenorreia e infertilidade. Alguns sintomas são característicos da doença em até 60% das mulheres afetadas, porém, o reconhecimento e o diagnóstico conclusivo só ocorrem, em média, cerca de nove anos após o início da doença. A investigação inicial da presença de endometriose é feita por meio da avaliação de sintomas clínicos, sendo que o grau de gravidade da doença não está relacionado com a quantidade dos sintomas e/ou com o seu estádio. Atualmente, o padrão-ouro para o diagnóstico da doença inclui avaliação laparoscópica com visualização direta das lesões e comprovação histológica da doença. Em busca de procedimentos menos invasivos, diversos biomarcadores têm sido propostos para se chegar a um diagnóstico preciso. A Survinina, codificada pelo gene BIRC5, é uma proteína multifuncional que controla a divisão celular, inibe a apoptose e promove a angiogênese. É expressa na maioria das neoplasias humanas, mas está ausente em tecidos normais. Tem sido apontada por diversos autores como um potencial biomarcador na detecção precoce de tumores e seu monitoramento frente à terapia. O presente estudo sugere a hipótese de uma possível relação entre a endometriose (desenvolvimento e progressão) e a expressão da survinina, com a finalidade de validar a sua função como um marcador de início de detecção de endometriose, de forma não invasiva, baseado nas semelhanças entre a endometriose e o processo molecular de tumorigênese e metástase. A endometriose demonstra características similares aos tumores metastáticos como a malignização, incluindo a invasão local e o ataque a órgãos distantes. Similarmente a um tumor metastático, os implantes endometriais necessitam de vascularização para tornarem-se estabelecidos, para crescer e invadir os tecidos vizinhos. A doença também compartilha da predisposição e de uma similaridade molecular com o câncer. A angiogênese, a invasão do tecido e a metástase são encontrados em pacientes com endometriose. Similarmente, as lesões endometrióticas também têm expressão aumentada de genes anti-apoptotóticos e expressão diminuída de genes pro-apoptóticos. Dessa forma, o objetivo do presente estudo é avaliar a expressão da survinina por qRT-PCR em diferentes fases do ciclo menstrual em mulheres com e sem endometriose e verificar a expressão da survinina em pacientes com endometriose nos diferentes graus da doença (mínima/leve e moderada/grave). (AU)
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